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Corregedoria Geral da Justiça leva concerto à Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos

            Os reeducandos da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, que cumprem pena em regime fechado, fugiram da rotina para prestigiar na manhã do último sábado (14), na capela da unidade, uma apresentação cultural que os fizeram vibrar de emoção: o concerto com o maestro e pianista João Carlos Martins. O repertório é semelhante ao apresentado no Metropolitan Museum of Art, executado pelo artista no sábado anterior, dia 7, em Nova York.

            O evento faz parte do Simpósio Qualidade de Vida, oferecido pela Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo (CGJ) com a finalidade de levar cultura e informação aos reenducandos e estimular a aproximação com a sociedade, buscando a reinserção.

            As apresentações começaram com o coral da própria penitenciária, formada por reeducandos. Em seguida, João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi-SP contagiaram os presentes com a 5ª Sinfonia de Beethoven.

            O maestro declarou que o concerto era o mais importante da sua vida porque é o "concerto da esperança" e anunciou a entrada do cantor (tenor) Jean Willian, alguém que é prova da inclusão por meio da música. Um garoto de origem humilde (pai bóia-fria e mãe faxineira), criado pela avó. Ele  foi descoberto em Barrinhas - interior de São Paulo -, e desenvolve um trabalho com João Carlos Martins, com apresentações no exterior. Um paralelo dá para ser traçado entre um integrante do coral da penitenciária e o tenor, ambos de histórias semelhantes, mas cada um seguiu caminhos completamente diferentes.

            Jean Willian abriu sua apresentação com a “Ave Maria”, de Bach e Gounod e levou o público à grande emoção e muitas lágrimas rolaram. Ele cantou também "My Way", de Frank Sinatra, com João Carlos no piano e a orquestra regida por John Boudler, um momento de reflexão geral.

            O maestro disse ainda que a vida pode trazer adversidades e falou sobre a consequência de um ato errado na vida de uma pessoa, referindo-se ao assalto sofrido por ele no exterior, que fez com que perdesse a 'mão do piano’. Entretanto, Martins deixou claro que não desistiu de seguir o seu caminho, fez tratamentos e recomeçou. "Mesmo com limitações, vocês vão ouvir agora ‘Libertango’, revelou o pianista.

            O corregedor-geral da Justiça e presidente eleito do Tribunal de Justiça de São Paulo para o biênio 2014/2015, José Renato Nalini, falou aos reeducandos sobre a oportunidade de terminar o trabalho da CGJ, capitaneado pelo juiz assessor da Corregedoria, Jayme Garcia, “figura significativa, juiz humanista e que se preocupa com seus semelhantes” e também de fechar com chave de ouro com João Carlos Martins, artista reconhecido no Brasil e no exterior, um “exemplo para todos, que nos reanima com sua música”.

            Nalini ressaltou, ainda, que nada melhor que a música para fazer nascer no coração a esperança que dias melhores virão. “Cada dia é um novo dia para a gente recomeçar e, o nosso dia é hoje!”, concluiu o corregedor e desejou um Feliz Natal e feliz reinício aos sentenciados.

            A agente de segurança penitenciária e assessora da diretoria técnica de trabalho e educação do Parada Neto, Maria Betânia Pinheiros, assegurou que a experiência é única não somente para os reeducandos, como para funcionários e os visitantes. “Com certeza eles vão guardar esse momento para o resto da vida”. Ela ressaltou que o juiz Jayme Garcia (juiz da Vara de Execuções de Guarulhos, que nos últimos dois anos prestou serviço na CGJ) sempre buscou trazer exemplos, como do maestro, para mostrar aos reeducandos que eles podem recomeçar a vida.             
            Jayme Garcia garantiu que um evento como esse promove a integração da sociedade e do cárcere. Para ele, o cárcere não pode servir apenas para passar o tempo, tem que haver outras atividades de reinserção, como as culturais, que fazem com que os reeducandos vislumbrem outras perspectivas e vida.

            O concerto foi encerrado de forma muito integrada em que a sociedade e o cárcere estavam unidos num só coral para interpretar o “Trem das Onze”, de Adoniram Barbosa. Numa vibração geral, com muito aplausos e gritos de “bravo”, a apresentação foi finalizada. Todos estavam em delírio!       

 

            João Carlos Martins - símbolo de superação e talento, ele iniciou seus estudos de piano aos oito anos, e três anos depois começava a carreira no Brasil. Aos dezoito, já estava tocando no exterior. Considerado um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach, teve como um dos pontos altos de sua carreira a gravação da obra completa para teclado deste gênio da música. Por problemas físicos, abandonou os palcos como pianista no ano de 2002. Mas não deixou a música de lado e retornou aos palcos em 2004 como maestro. Apresentou-se com sucesso em Londres, Paris e Bruxelas como regente convidado, imprimindo a mesma dinâmica que fazia quando pianista. Hoje, aos 73 anos, é regente da Bachiana Filarmônica SESI-SP, já lançou 25 álbuns, escreveu um livro sobre sua vida, intitulado “A Saga das Mãos”, é o único brasileiro a ter sua vida registrada por cineastas europeus por duas vezes e conta com um registro fotobiográfico, lançado na ONU, descrevendo em imagens sua belíssima trajetória.

 

            Bachiana SESI-SP - Quando João Carlos iniciou o projeto de criar uma orquestra apenas com a iniciativa privada, muitos duvidaram, mas já são mais de mil apresentações nos principais teatros do Brasil e com participação em grandes palcos ao redor do mundo. A qualidade dos músicos da Bachiana, selecionados entre as melhores orquestras brasileiras, tem sido muito elogiada. São profissionais que fazem questão de aprimorar seu talento com trabalho e estudo. Assim, a orquestra, fundada em 2004, não tardou a ganhar o merecido reconhecimento. Após cinco temporadas em que se apresentou pelo Brasil, encantou o público americano com cinco atuações de gala, sendo duas no Carnegie Hall em 2007 e 2008 e três no Lincoln Center em 2009, 2010 e 2011.

 

            Comunicação TJSP – LV (texto) / DS (fotos)

            imprensatj@tjsp.jus.br


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