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Pianista e maestro João Carlos Martins emociona plateia no TJSP

        O pianista e maestro João Carlos Martins abriu ontem (13/12) as festividades natalinas do TJSP. O evento aconteceu no Salão dos Passos Perdidos do Tribunal sob aplausos de integrantes do Poder Judiciário, funcionários e público em geral.
        O espetáculo teve a participação da Orquestra Bachiana e de ritmistas da Escola de Samba Vai-Vai. João Carlos Martins trouxe o tenor Jean William, a quem apresentou “como uma prova de inclusão por meio da música”. "De origem humilde, seu pai é bóia-fria e sua mãe faxineira", disse o maestro.
        Jean tem se destacado tanto em suas apresentações ao lado do maestro quanto como solista da Bachiana Filarmônica Sesi-SP. Ele foi descoberto em Barrinhas, interior de São Paulo, e desde março do ano passado desenvolve um trabalho com João Carlos Martins. Jean está se despedindo do Brasil para estudar música em Milão. Sua interpretação levou o público ao delírio. “Quando começou a cantar pensei que não fosse sua voz”, falou uma funcionária que assistia à apresentação.
        O repertório foi de Bach a Adoniran Barbosa. Inicialmente, foi mostrado um vídeo que retrata a história de vida do maestro. O puxador da Escola de Samba Vai-Vai apresentou o enredo que vai homenagear o maestro no carnaval de 2011. Na continuidade, foram interpretadas Jesus Alegria dos Homens e Ária da 4ª Corda, de Bach. Mozart/Eine Klein e tributo a Ennio Morricone também fizeram parte da apresentação. Voltado à música popular, os ritmistas interpretaram “Trem das Onze”, do centenário Adoniram Barbosa. Entre as apresentações, eram feitas inserções com Jean Willian. O evento foi encerrado de forma triunfal: o Hino Nacional com a participação da orquestra e dos ritmistas regidos pelo maestro, não sem antes com a introdução emocionante do pianista João Carlos Martins.
        A vibração tomou conta do público e o maestro/pianista não deixou por menos: “sempre procuro ver até que ponto a gente consegue transmitir a emoção por meio da música. Essa é a missão do artista, fazer o coração dele chegar ao coração do público”.

        Um pouquinho sobre o pianista e maestro - João Carlos Gandra da Silva Martins nasceu em São Paulo e é considerado um grande especialista e intérprete de Johann Sebastian Bach. Começou seus estudos, ainda menino, com a professora Aida de Vuono, no dia em que seu pai comprou um piano. Aos oito anos, o pai o inscreveu em um concurso, vencido por ele, para executar obras de Bach . Seria o primeiro prêmio de tantos outros que estavam por vir. 
        Começou a estudar no Liceu Pasteur e com 11 anos já tinha aulas de piano por seis horas diárias, com o maior professor da época - um russo radicado no Brasil, chamado José Kliass. Sempre buscou a perfeição para se tornar um verdadeiro intérprete. Venceu o concurso da Sociedade Brito de São Petersburgo. Desde seus primeiros concertos chamava a atenção da crítica musical internacional. Foi escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington.
        Aos vinte anos, estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt, primeira dama dos EUA. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould Memorial em Toronto, Canadá.
        Com um amor tão grande pela música, uma dedicação tão intensa e meritória de admiração e respeito, João Carlos Martins se viu privado de seu contato com o piano, quando teve um nervo rompido e perdeu o movimento da mão direita em um acidente em jogo de futebol em Nova Iorque.
        Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas com o correr dos anos desenvolveu a doença chamada LER, que ocorre devido a movimentos repetitivos e causa o estressamento de nervos. Novamente teve que parar de tocar e, dessa vez, acreditou seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e se tornou treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico. Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e utilizou o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas. Fez uso da mão esquerda para executar suas peças e obteve extremo sucesso.
        Ao realizar um concerto em Sofia, na Bulgária, sofreu um assalto e um golpe na cabeça lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente. A cada esforço sofria dores intensas em suas mãos, principalmente na esquerda. Novamente pensou que nunca mais voltaria a tocar. João Carlos Martins investiu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão.

        Assessoria de Imprensa TJSP - LV (texto) / AC (foto)


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