InspirAÇÕES: com persistência e dedicação, magistrada ingressou na carreira aos 41 anos

Tatiana Valverde não desistiu dos estudos e realizou sonho.
 
No primeiro dia de cada mês, o Tribunal de Justiça de São Paulo publica a matéria InspirAÇÕES, com histórias de vida, habilidades e curiosidades sobre servidores e magistrados. A coluna foi criada em 2021 e dezenas de pessoas já contaram suas vitórias em diferentes atividades e situações. Neste mês, a personagem apresentada mostra que, quando se quer alcançar um objetivo, não há motivos ou decepções que façam a pessoa desistir. Por essa razão, a inspiração é a juíza Tatiana Saes Valverde Ormeleze, que não desistiu do seu sonho de ser magistrada e conseguiu a aprovação no concurso, em 2015, aos 41 anos de idade, após diversas tentativas.
Assim como ela, há, no TJSP, outros juízes aprovados com mais de 40 anos, uma vez que o limite para ingresso na carreira é 65 anos. São pessoas que não esmoreceram diante da dificuldade de conciliar trabalho, estudos e família e eventuais reprovações em outros certames. Tatiana Valverde sempre teve desejo de seguir carreira em uma função pública. Ao terminar a faculdade de Direito na Capital, em 1997, começou a prestar concursos, inicialmente para o Ministério Público, instituição onde havia estagiado. Sempre passava para a segunda fase e chegou ao exame oral em algumas oportunidades, mas não obteve a aprovação final.
Em 2002 se casou e foi morar no Interior, acompanhando o marido, Luiz Carlos Ormeleze, que é promotor de Justiça e, na época, estava em início de carreira. Manteve seu trabalho como advogada, que já exercia em São Paulo, começou a dar aulas na Faculdade de Direito de Itu e a atuar como conciliadora, mas sem deixar de estudar ou desistir dos concursos. Foi nessa época que nasceu o desejo de se tornar uma juíza. “Quando me sentava com as partes para ouvir suas histórias, buscando uma solução para aquela demanda, sentia-me realizada. Era muito parecido com uma audiência e isso me conquistou e me motivou a tentar a Magistratura”, explica.
Sua primeira tentativa foi no ano de 2006, no 179º Concurso de Ingresso na carreira. Ela alcançou a fase oral, mas não foi aprovada. No concurso seguinte chegou à segunda fase e no 181º também foi para o exame oral. “Eu estava muito confiante nesse concurso e foi frustrante não obter êxito. Foi difícil, porque já tinha prestado sete concursos para o Ministério Público e três para a Magistratura. Fiquei com a sensação que nunca chegaria a minha vez”, conta.
Diante do resultado, decidiu tentar o concurso para outorga de Delegações de Notas e de Registro. Passou na primeira tentativa e assumiu o Cartório de Notas da cidade de Cerqueira César. “Essa atividade está ligada à vida das pessoas: momentos de felicidade, com o nascimento dos filhos; de tristeza, com a morte de um ente querido. Eu gostava do contato com a população e tive a oportunidade de realizar o primeiro casamento homossexual da cidade, no ano de 2011”, afirma.
Mesmo trabalhando no Cartório Extrajudicial, Tatiana continuou estudando e persistindo no sonho de um dia ser juíza. Foram mais três concursos em que avançou para a segunda ou terceira etapas, mas, ainda, sem sucesso. “Fiquei desmotivada e comecei dedicar meus estudos para a área de Registros Públicos, mas nem cheguei a tentar o concurso de remoção, porque percebi que não era minha vocação, apesar de a atividade ter sido muito enriquecedora. Pedi desligamento do cartório em que atuava para voltar a morar em Itu, advogar, dar aulas e trabalhar como conciliadora”, lembra. Nesse período, sofreu um pequeno acidente, com risco de perda dos movimentos do polegar direito e sua rotina passou a contar, também, com consultas médicas e fisioterapia semanais. “Depois de seis tentativas no concurso para a Magistratura, minha autoconfiança estava bastante abalada. Afastei da cabeça a ideia de ser juíza e foquei na minha recuperação e no meu trabalho”, diz.
Naquele ano, 2014, foi lançado o edital do 185º de Ingresso na Magistratura e o marido a aconselhou a tentar mais uma vez. “Não pegava em um livro há seis meses e pensava que não tinha nenhuma chance, mas ele insistiu muito. Fui fazendo as provas de cada etapa e passando, até que cheguei no exame oral. No dia do anúncio do resultado das provas cogitei não comparecer à sessão pública, mas novamente meu marido me convenceu. Disse que não poderia perder a chance de viver o momento do anúncio da minha aprovação. E ele tinha razão, foi uma felicidade imensa. Saí de lá direto para a casa dos meus pais, para contar.” A família foi fundamental para que ela não desistisse. “Meu marido foi muito companheiro e sempre acreditou no meu potencial. Ele e meus pais me deram apoio e incentivo”, ressalta.
Depois de 16 anos de tentativas e mais de 14 concursos (somando Promotoria, Delegações de Registros e Notas e Magistratura), Tatiana Valverde assumiu o desejado cargo de juíza do TJSP, que exerce há quase 9 anos e hoje atua como assessora da Vice-Presidência. Ela conta com orgulho sua história e espera, com isso, incentivar outras pessoas a não desistirem de seus sonhos. “Cheguei a pensar que nunca seria aprovada em razão da idade, mas a Magistratura está aberta para todos. Minha história e minha experiência de vida contribuem com o meu trabalho e o conselho que dou para quem deseja uma aprovação é manter a confiança, ser resiliente diante das derrotas, persistir e estudar.”
 
Comunicação Social TJSP – CA (texto) / KS e arquivo (fotos)
 
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