Notícia

Caps promove webinar “Avaliação de risco e prevenção do suicídio”
11/09/2020

A Coordenadoria de Apoio aos Servidores (Caps) promoveu ontem (10), em parceria com a Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) e a Escola Judicial dos Servidores (Ejus), o webinar "Avaliação de risco e prevenção do suicídio". A palestra foi ministrada pela médica psiquiatra Kátia Oddone Del Porto, mestre em psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e psicoterapeuta cognitivo-comportamental pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Cerca de 400 pessoas participaram do evento virtual, que permanece disponível para acesso na página da Caps.

A médica iniciou a palestra explicando que o suicídio "é um problema de dimensões globais e ocorre em todas as culturas". Segundo ela, dados apontam que cerca de um milhão de pessoas morrem anualmente por suicídio em todo o mundo. "Mortes ocorridas por suicídio superam os números provocados por guerra e homicídios combinados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma pesquisa realizada em 2013 coloca o Brasil em oitavo lugar entre os países com maiores índices de suicídio", continuou Kátia Del Porto. Para a especialista, estas estatísticas mostram o quanto é necessário aprofundar o tema cada vez mais e, principalmente, desmistificar diversos tabus que ainda existem na sociedade e causam entrave no combate à questão.

A psiquiatra explanou para os participantes os mitos que ouvimos e replicamos sobre suicídio no dia a dia. "Uma das principais falsas afirmações é dizer que o suicídio é uma decisão individual. Também é falso dizer que, se uma pessoa pensa em suicídio, ela corre risco de tentativa pelo resto da vida; e também que as pessoas que ameaçam tirar a própria vida só querem chamar atenção", considerou. "Pensar que, se uma pessoa se sente deprimida e pensa em suicídio, mas depois se sente melhor, significa que o problema já passou; ou que quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo; também são mitos a serem quebrados", acrescentou. Por último, o mito de que falar sobre o assunto em casa, nas instituições e até mesmo na mídia seria um fator de aumento de risco. "Quanto mais falarmos sobre o tema, melhor. Sabemos inclusive que campanhas como o Setembro Amarelo já tem apresentado resultados positivos", afirmou a palestrante.

"A tentativa prévia é o fator de risco mais importante. Uma pessoa que passou por uma tentativa tem de cinco a seis vezes mais chance de tentar de novo; 50% dos que cometeram suicídio já haviam tentado antes", informou a especialista. "Esta é segunda maior causa de morte entre jovens com 15 a 29 anos; 79% ocorrem em países de baixa e média renda; e geralmente o uso de pesticidas, enforcamentos e armas de fogo são os métodos mais comuns. Outras causas muito presentes, são as doenças mentais, como distúrbios de humor, e uso de substâncias tóxicas, que representam 35,8% e 22,4% das causas de morte por suicídio, respectivamente."

Além dos fatores de risco – sentimento de desesperança e desamparo, impulsividade, idade, enfermidades, transtornos mentais, entre outros -, é preciso identificar também os fatores protetores, aqueles que auxiliam os indivíduos que sofrem de tendências suicidas. "O bom suporte familiar, o senso de responsabilidade para com a família, boa autoestima e a religiosidade, independente de credo, são fatores que protegem a pessoa de pensamentos e atitudes suicidas", ponderou Kátia Del Porto.

Para concluir, a especialista apresentou quatro passos que podemos seguir para ajudar uma pessoa sob risco de suicídio: conversar, acompanhar, buscar ajuda profissional e proteger. Atualmente, diversos canais estão disponíveis para este tipo de suporte, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que em parceria com o SUS, oferece escuta e apoio emocional gratuito, sob total sigilo, pelo telefone 188, Skype, chat e voip 24 horas todos os dias. Outros canais importantes são prontos socorros e hospitais e as unidades básicas de atendimento (UBS), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), e os Centros de Atendimento Psicossocial. "A prevenção é possível e com atitudes simples podemos fazer muito por alguém que passa por isso", encerrou a psiquiatra. 

 

Comunicação Social TJSP – TM (texto) / Reprodução (foto) 

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