A Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo e a Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) promoveram na sexta-feira (21) a palestra online “Do trabalho infantil à sua consequência mais trágica: a exploração sexual”, com o psicólogo e psicoterapeuta Ivan Roberto Capelatto.
O juiz da 2ª Vara Criminal de Suzano e integrante da CIJ, José Eugenio do Amaral Souza Neto, abriu e mediou o evento. Ao todo, 302 pessoas assistiram ao vivo à apresentação, que pode ser acessada aqui. O palestrante Ivan Capelatto iniciou sua fala abordando a questão do trabalho infantil e suas consequências, ressaltando que a exploração sexual pode ser considerada o resultado mais desastroso dessa realidade.
O psicólogo afirmou que existem alguns fatores de risco relacionados aos maus tratos na infância, como uso em excesso de drogas e álcool, violência doméstica, ou mesmo a reprodução do comportamento abusivo na fase adulta.
Ele explicou que crianças que sofreram negligência ou abuso podem apresentar alguns sinais, entre lesões ou cansaço, mas também podem ter uma aparência completamente normal. “No meu trabalho, o que tenho visto é que nem todo mundo denuncia esses casos, porque as pessoas têm medo, principalmente por conhecerem os pais daquele menino ou menina”, falou Capelatto.
De acordo com o profissional, os primeiros sintomas manifestados pelas crianças vítimas de abuso sexual são insônia, dificuldade de concentração, mudanças de humor e comportamento quando próximas do abusador, isolamento e baixo rendimento escolar. “Existe um medo muito importante na psicanálise que se chama ‘medo reverso’, que é aquela criança que vai dormir à noite na cama e sonha que alguém entrou e a levou. Descobrimos que o ‘medo reverso’ é um desejo de ser levada por alguém que vai cuidar melhor dela”, comentou.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são sexualmente agredidas no país. Com a pandemia de Covid-19, há um risco grande de ter ocorrido um crescimento no número de casos, segundo Capelatto. “Imagina-se que as crianças esquecem que foram abusadas se a gente não tocar no assunto, mas é justamente o contrário, é preciso conversar, levá-las a um profissional, é preciso cuidar dessa família”, concluiu o especialista.
Comunicação Social TJSP – MB (texto) / PS (reprodução e arte)