A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) e a Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo promoveram, na última sexta-feira (1), a palestra “Mulheres e meninas como sujeitos de direitos: debate crítico das relações patriarcais e violência de gênero”. A doutora em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir, Mirla Cisne, foi a expositora do tema. Os debates foram mediados pela juíza assessora da Corregedoria Geral da Justiça Mônica Gonzaga Arnoni.
A especialista discutiu a divisão sexual do trabalho, apoiada no patriarcado, que define os trabalhos feminino e masculino e hierarquiza as relações profissionais, gerando desigualdades. Ela explicou que o sistema relaciona o trabalho feminino ao ambiente doméstico, à oferta de cuidado e à reprodução social.
Em seguida, Mirla Cisne destacou o papel da sociedade neoliberal e do Estado na construção das atribuições da mulher. “Quanto menos política social e garantia de direitos, maior a cobrança e responsabilização das mulheres e maior a necessidade desse Estado promover e naturalizar o patriarcado. É muito cômodo colocar todos os problemas da sociedade nas costas das mulheres”, pontuou, acrescentando que essa exploração gera sobrecarga física e contribui para o adoecimento feminino.
A professora apresentou o conceito de coisificação da mulher, que deixa de pertencer a si própria para ter seu corpo apropriado pela sociedade. Também citou como o processo de mercantilização dos corpos, utilizados pela mídia de forma pejorativa para vender produtos, contribui para essa objetificação.
Por fim, a palestrante reforçou a necessidade de uma percepção crítica para que o processo de dominação feminina não seja naturalizado, e ressaltou a necessidade de lutar contra uma lógica de educação sexista, que reproduz opressões e desigualdades. “A gente precisa combater o patriarcado em todas as suas dimensões: dentro de casa, fora de casa, no ambiente de trabalho. Trata-se de nós, mulheres, nos reconhecermos como um coletivo que precisa se cuidar e se fortalecer mutuamente”, concluiu
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