A Campanha de Acessibilidade do Tribunal de Justiça de São Paulo foi lançada oficialmente hoje (11). O evento, que ocorreu na Sala do Servidor, no Fórum João Mendes Júnior, contou com a palestra “Acessibilidade – Histórias de Superação”, de Thays Martinez, cocriadora e facilitadora do Programa de Gestão da Diversidade nas Organizações e fundadora do Instituto IRIS.
A iniciativa é do Comitê de Acessibilidade do TJSP, criado com o objetivo de estabelecer uma Política Institucional de Acessibilidade que garanta a todos as mesmas oportunidades, em conformidade com a Resolução nº 230/2016 do Conselho Nacional de Justiça. O comitê é composto por magistrados e servidores, com e sem deficiência, e as ações propostas envolvem as áreas de tecnologia da informação, arquitetura e gestão de pessoas.
Na abertura, além da palestrante, compuseram a mesa de honra o presidente do TJSP, desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças; os desembargadores da Coordenadoria de Apoio aos Servidores (Caps), Carlos Otávio Bandeira Lins e Antonio Carlos Mathias Coltro; o diretor da Escola Paulista da Magistratura, desembargador Francisco Eduardo Loureiro; e o desembargador Antonio Carlos Malheiros.
O presidente Pereira Calças iniciou o evento explanando sobre a campanha, cujo escopo é conscientizar os gestores sobre seus papéis em relação aos funcionários com deficiência, além de promover a inclusão e valorização do servidor em tal condição. A iniciativa conta com cartazes em braile; banners em prédios do Tribunal; e-mail com leitura acessível para comunicação entre o comitê e o público-alvo (sgp.acessibilidade@tjsp.jus.br); vídeos e entrevistas retratando o dia a dia de servidores com deficiência.
Na ocasião também foi apresentado o questionário do Comitê de Acessibilidade, que permitirá traçar um perfil detalhado dos funcionários do quadro do TJ. Nele, o servidor avalia o ambiente físico em que trabalha, o acesso ao prédio, a tecnologia da informação, a comunicação e barreiras de espaços físicos. Além disso, será solicitado a descrever as limitações que sua deficiência implica. “Estas informações são extremamente relevantes para que nós, juntos, compartilhemos de uma política interna de ampla acessibilidade”, disse Pereira Calças.
O presidente ressaltou que a inclusão digital é prioridade da atual gestão. Dentre as ações na área de tecnologia da informação, o desembargador destacou o projeto de tornar todo o portal do TJSP acessível a usuários com deficiência visual e a aquisição de ferramentas que viabilizem o acesso de funcionários com deficiência e, consequentemente, melhora da produtividade. Pereira Calças também mencionou as obras de acessibilidade que estão sendo efetuadas nos fóruns.
Para o presidente, a mais importante barreira a ser transposta é a atitudinal. “Cada um de nós tem que superar as deficiências do outro, colaborar, porque não há quem não tenha algum tipo de deficiência, seja ela física ou psicológica. Temos que transpor essas barreiras e isso implica mudança de paradigmas com relação à deficiência”, concluiu Pereira Calças.
Na sequência, a palestrante Thays Martinez iniciou sua palestra, ao lado do desembargador Antonio Carlos Malheiros, da juíza assessora do Gabinete Civil da Presidência Camila de Jesus Mello Gonçalves, do professor Roberto Bolonhini Júnior e da escrevente e membro do comitê Marina Alonso Guimarães (Juizado Especial Cível Central).
Thays contou ao público sua trajetória, desde quando perdeu a visão, aos quatro anos de idade, até sua batalha judicial para ter o direito de acesso às estações do metrô com seu cão-guia, o labrador Boris. A palestrante contou como superou, ao longo de sua vida, as barreiras impostas pela deficiência e pela falta de informação das pessoas: na escola, no cursinho pré-vestibular, na faculdade (Thays é formada em Direito pela Universidade de São Paulo) e nos locais em que trabalhou.
Ela foi escrevente do extinto 1º Tribunal de Alçada Civil, onde conheceu o desembargador Antonio Malheiros, cuja atitude deu novo rumo à sua vida. Malheiros a encontrou dormindo numa sala por onde estava passando e questionou a diretora do setor, que respondeu não saber o que fazer com a funcionária, porque “era cega”. “Isso é profundamente atentatório à dignidade da pessoa humana. Eu também não sei o que fazer com uma escrevente cega, mas vou levar essa moça para meu gabinete”, decidiu o então juiz do 1º TAC. Ao providenciar um computador adaptado para deficientes visuais, Malheiros viu Thays evoluir rapidamente e se tornar uma “superescrevente”.
“Cada um pode promover mudanças pontuais que vão construindo a nossa sociedade”, disse a palestrante, apregoando o exercício incansável da cidadania em lugar da reclamação paralisante. “Temos que fazer nossa parte. O que estamos fazendo de fato por pessoas que não têm acesso?”, questionou. “O que vai ser daqui a dez ou cem anos depende de cada um de nós”, concluiu.
O evento foi assistido por mais de 600 pessoas, nas modalidades presencial e a distância. Dentre os meios de inclusão de que o Tribunal já dispõe, houve estenotipia em tempo real (closed caption), produzida pela equipe do Centro de Treinamento e Desenvolvimento de Estenotipia do TJSP (CTDE), e interpretação simultânea em libras.
Também prestigiaram o lançamento as juízas assessoras da Presidência Tatiana Magosso e Ana Claudia Dabus Guimarães e Souza de Miguel (Recursos Humanos), e a juíza Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa (1ª Vara da Infância e da Juventude Central).
Comunicação Social – DM (texto) / KS (fotos)
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