O Tribunal de Justiça de São Paulo deu início, hoje (2), à 1ª Semana de Acessibilidade, que, durante cinco dias – de 2 a 6 de dezembro – levará ao público uma série de eventos voltados ao tema da acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência. Também serão veiculados novos vídeos da campanha Inclusão é Valorizar no site, na intranet, no Instagram e no canal do TJSP noYouTube.
A Semana foi inaugurada por uma roda de conversa, na Sala do Servidor do Fórum João Mendes Júnior, com o tema "Histórias Inspiradoras". Cerca de 400 servidores acompanharam a atividade, nas modalidades presencial e a distância. Ao longo de duas horas, Thays Martinez, Adriana Horta de Matos e Cássio Dutra falaram sobre suas histórias de vida como pessoas com deficiência. A conversa, que contou com a participação de quatro intérpretes de libras e dois estenotipistas, teve mediação da servidora Talita Messias. As juízas assessoras da Presidência Ana Claudia Dabus Guimarães e Souza de Miguel, Tatiana Magosso e Paula Lopes Gomes participaram do evento."
Durante os dois últimos anos tivemos uma atuação bastante intensa nesse universo da acessibilidade e inclusão. Conseguimos mapear os servidores com deficiência do nosso quadro e atendê-los de forma individualizada. As ações foram na área de Tecnologia, de Gestão de Pessoas e de Engenharia. Criamos um canal de comunicação (sgp.acessibilidade@tjsp.jus.br) especificamente para receber demandas relacionadas, promovemos palestras para valorizar e incluir as pessoas com deficiência e com todas as ações vamos chegando mais perto do objetivo da Comissão Permanente de Acessibilidade, que é permitir a igualdade de oportunidade a todos. Tenho muito orgulho em dizer que a acessibilidade é uma marca dessa gestão, um valor que nos é muito caro", declarou a juíza Ana Claudia de Miguel.
A roda começou com a história de Thays Martinez, que perdeu a visão aos quatro anos em razão de uma caxumba. "Minha história fala sobre sonhos e sobre como é importante para nós ter a possibilidade de sonhar e realizar essas aspirações", contou. Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo, ela teve questionada sua capacidade de ser aprovada na USP por professores do cursinho pré-vestibular que tentaram dissuadi-la do desejo de cursar a Faculdade São Francisco. "Independente de ser uma pessoa com deficiência ou não, temos que ter muito cuidado em não limitar os sonhos dos outros", disse, relembrando diversos momentos em que, por ser cega, teve sua vida limitada. Um deles ocorreu quando foi impedida de circular no metrô de São Paulo com seu cão-guia, mesmo havendo legislação sobre o tema. "Precisamos que as instituições se conscientizem do papel que têm na vida das pessoas e, mais efetividade, na implementação de direitos", finalizou.
Adriana Horta de Matos, surda de nascença, disse que foi alfabetizada pela mãe, que já tinha um filho surdo. Mesmo com o apoio da família, Adriana afirma que a barreira da comunicação sempre foi difícil, tanto em sua formação quanto na busca por um emprego. "Depois de sofrer muito, percebi que o problema não é minha surdez, mas, sim, a sociedade, que não acredita na minha capacidade", afirmou. Professora formada, ela levou sua experiência de vida para dentro da sala de aula e hoje trabalha com crianças surdas. Mãe de dois filhos biológicos, apadrinhou afetivamente uma adolescente surda de 14 anos. "Estou sentindo na pele o que meus pais passaram comigo. Só agora, aos 14 anos, ela está aprendendo coisas muito básicas, em razão da dificuldade da sociedade em se comunicar com uma pessoa surda", explicou. "Para que nós, pessoas surdas, possamos de fato exercer nossa cidadania, é necessário que vocês aprendam a língua de sinais."
Cassio Duarte contou que, quando pequeno, assistiu a um campeonato de basquete em cadeira de rodas, o que o incentivou a trabalhar como voluntário em um projeto com pessoas com deficiência física e intelectual. Em 2013 sofreu um acidente de carro e fraturou a coluna e também precisou se adaptar à cadeira de rodas. Esportista, contou que 15 dias após o acidente já conseguia ficar sentado e que, passados alguns meses, voltou ao trabalho e à musculação. "Eu aceitei tudo muito rápido, porque tive o apoio dos meus amigos. Não me exclui, não me deixei abater, e cinco meses depois do acidente voltei a praticar esporte. Um ano após a lesão fui campeão brasileiro de jiu-jitsu e, três meses depois, campeão mundial", contou, dizendo que vê a cadeira de rodas não como um limitador, mas o instrumento de liberdade. Ele também falou sobre a importância de locais acessíveis na cidade. "A cadeira me dá autonomia, ela não me prende. Tendo uma estrutura adequada, rampas e espaço, eu posso ir a qualquer lugar. Por isso, a mensagem que quero passar é essa. Olhe para o lado e pense nas pessoas, no que pode fazer para ajudar o outro. É construir uma rampa? É aprender Libras? É acreditar na capacidade do outro? Então faça isso", ressaltou.
Ao final, os convidados responderam às perguntas do público e receberam o certificado de participação do Tribunal de Justiça, entregue pelas juízas assessoras da Presidência. Integram a Comissão Permanente de Acessibilidade os juízes Camila de Jesus Mello Gonçalves, Tatiana Magosso, Ana Rita de Figueiredo Nery, Ana Claudia Dabus Guimarães e Souza de Miguel e André Luiz Rodrigo do Prado Norcia.
Comunicação Social TJSP – AA (texto) / AC (fotos)
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