A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) promoveu ontem (26), em parceria com a Escola Judicial dos Servidores (EJUS), palestra on-line com o tema “Adoção: estratégias de cuidado na transição do acolhimento para a família adotiva”. As especialistas Mayra Aiello e Lara Naddeo, foram as palestrantes convidadas. Mayra é psicóloga perinatal e parental, mestranda em Psicologia, co-idealizadora do Instituto Doulas de Adoção e mãe via adoção; e Lara Naddeo é psicóloga e mestre em Intervenção Psicossocial, com atuação na área de Acolhimento de Crianças e Adolescentes, por meio de seu trabalho no Instituto Fazendo História, e também Doula de Adoção. Mais de 400 pessoas participaram do evento, entre magistrados, servidores e público em geral. Em breve o webinar estará disponível na central de vídeos da CIJ.
A juíza Maria Lucinda da Costa, integrante da Coordenadoria da Infância e da Juventude, oficiou a abertura da conferência e congratulou a iniciativa. “Um tema muito caro, que representa sempre um desafio e demanda uma grande discussão para evoluirmos”, considerou a magistrada, passando a palavra às convidadas.
A psicóloga Lara Naddeo iniciou a apresentação abordando a perspectiva da criança, do adolescente e do serviço de acolhimento. “A adoção é um processo complexo e delicado que requer uma série de estratégias e olhar atento para a criança, o adolescente e a família, porque é preciso mediar um encontro que é inédito”, iniciou. A especialista explanou que se faz necessário um trabalho planejado e integrado da vara e do setor de acolhimento, além da preparação da criança e do adolescente com estratégias como conversas frequentes sobre processo e família, registro de história de vida, valorização dos vínculos, escuta atenta e acolhimento e, principalmente, respeitar o tempo do adotando.
“No período de aproximação, que marca o início do estabelecimento dos vínculos, não há tempo determinado, mas a pressão não é bem-vinda nem necessária. O tempo do bebê, da criança e do adolescente deve ser respeitado, eles são nosso termômetro e são eles que guiam as ações que tomamos”, salientou a psicóloga. Para Naddeo, durante este período de transição, em que ocorrem valiosas trocas de informações, é importante que os adotantes também se reconheçam no processo, pois “ninguém nasce sendo mãe e pai; isso é uma construção na via biológica e na via adotiva, então nosso papel é ajudar também os pais”.
Em seguida, Mayra Aiello apresentou o tema do ponto de vista da família. Ao falar sobre a transição para a parentalidade, a psicóloga afirmou que este tempo começa antes mesmo de se conhecer a criança. “Pais e filhos via adoção estão em momentos emocionalmente bem diferentes no início do processo de transição da parentalidade. A gente precisa relembrar que todo rompimento é um processo de adaptação à uma nova realidade. Pais e filhos adotam e são adotados nesse processo de transição. Nós também estamos sendo adotados pela criança”.
Para a especialista, o encontro entre a família e o adotando deve ocorrer de forma gradual e o período de estágio de convivência é parte importante do processo. “Os primeiros encontros criam vínculos e revelam informações das famílias, daí vem o entrelaçamento de histórias, a tecelagem dos vínculos ponto a ponto e as possibilidades de construção desses vínculos são infinitas”.
Mayra Aiello complementou ainda que a chegada da criança em casa marca o início da adaptação e puerpério e, nesse momento, é preciso considerar a importância dos rituais de chegada na família via adoção, como o recurso do registro dos encontros e da história de vida em um álbum e a construção de novas histórias, a partir das novas possibilidades que a nova família terá a partir de então. “A adoção é uma forma linda de ser família que deve ser muito bem cuidada por todos e para todos”, encerrou. Ao final do evento, as convidadas responderam às dúvidas e comentários dos participantes.
Comunicação Social TJSP – TM (texto) / AC (reprodução e arte)