A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) promoveu ontem (1), em parceria com a Escola Judicial dos Servidores (EJUS), evento virtual com o tema “A construção dos vínculos na família adotiva”. A palestra foi ministrada pela psicanalista Gina Khafif Levinzon, doutora em Psicologia Clínica, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e autora de diversas publicações sobre Adoção. O evento foi transmitido ao vivo para o público interno e geral, com participação de 317 pessoas. A palestra estará em breve disponível na página da Coordenadoria.

O desembargador Ademir de Carvalho Benedito, coordenador da Infância e Juventude em exercício, e a juíza Maria de Fátima Pereira da Costa e Silva, da Vara da Infância e Juventude do Foro Regional de Santana e integrante da CIJ, promoveram a abertura do webinar, apresentando a palestrante. “A visão psicanalítica sobre a questão da adoção é de suma importância, pois tratar do abandono, do acolhimento e, finalmente, da adoção, é um grande desafio. É uma conjugação de dificuldades que precisam ser enfrentadas”, refletiu a magistrada.

Segundo a palestrante, do ponto de vista da criança, a adoção sempre envolve um trauma, que pode ser maior ou menor, dependendo das condições em que se deu a separação da família biológica. Por isso, um ambiente adequado de sustentação pode fazer com que esta marca seja sentida apenas como uma cicatriz. “A adoção é a solução para o trauma”, afirmou.

A psicanalista esclareceu ainda que, quando se considera os vínculos afetivos na adoção, é preciso trabalhar com as expectativas e angústias dos pais adotivos, pois elas são determinantes na formação da personalidade do filho. De acordo com Gina Khafif, algo imprescindível no processo de construção dos vínculos da nova família é contar à criança sobre a adoção. “É um direito da criança conhecer sua história. Implica em tocar nos pontos sensíveis dos pais e dos filhos e em ser honesto em relação à criança”, disse.

Em seguida, a especialista abordou os fatores que contribuem para uma adoção bem-sucedida, como a qualidade de preparação, a capacidade de lidar com a realidade e os sentimentos verdadeiros, a estabilidade e continuidade do lar, o respeito à singularidade e autonomia do filho e o estabelecimento de limites.

“A filiação é algo incondicional e essa é a base para a verdadeira adoção. O sentimento de pertencimento necessita ser construído; é preciso conversar sobre adoção de forma simples, natural e honesta. A verdadeira adoção é estar ligado e em sintonia com alguém verdadeiro, respeitando a sua individualidade”, concluiu. Ao final da palestra, a juíza Maria de Fatima Pereira da Costa mediou a interação entre o público e a psicanalista, que respondeu às dúvidas e comentários. 

Comunicação Social TJSP – TM (texto) / KS (fotos)