Uma pioneira na implantação da psicologia no Poder Judiciário de São Paulo
O maior Tribunal do país não se preocupa em prestar apenas um serviço jurisdicional com qualidade. Há muito busca cuidar da saúde psicológica daqueles que são a força motora da enorme máquina judiciária chamada Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - com seus 45 mil funcionários na ativa, 10 mil inativos, mais de 19 milhões de processos em andamento (1ª Instância) e 800 mil em 2ª Instância.
Neste mês vamos falar de uma funcionária que não lida com processos, mas alguém que sempre contribuiu para melhorar a saúde da família forense, dedicando-se ao atendimento terapêutico de magistrados, servidores e seus familiares. Neste pouco espaço, um pouco da história da psicóloga Maria José Madeira - a Zezé, como é carinhosamente chamada - e que há 40 anos faz parte do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
“Agradeço a possibilidade de expor a minha trajetória profissional, percorrida com dignidade, dedicação e sempre acreditando em um futuro melhor. Sinto-me honrada por fazer parte do quadro de funcionários deste Tribunal e por participar desse novo tempo”, declara ela. Zezé participou da criação e implantação do serviço de psicologia instalado nas Varas da Infância e da Juventude, em 1981, e da criação do Setor de Psicossocial do Tribunal de Justiça, em 1995.
A história de sua vida já era muito bonita e com a união à do TJSP ficou mais bela ainda. Sua mãe faleceu quando ela tinha nove anos. A avó materna cuidou dela e de seus dois irmãos, um então com seis anos e outro com apenas um. Quando Zezé tinha 19 anos sua avó também faleceu. Teve então que cuidar sozinha dela e dos irmãos. Tinha que deixar a comida pronta antes de ir trabalhar e como não teve como administrar tudo isso foi obrigada a parar de estudar. Incentivada por amigos do trabalho, no entanto, voltou à faculdade tempos depois e prestou o concurso para oficial judiciário do TJSP. Zezé sempre dedicou muitas horas da sua vida à família, aos servidores e magistrados.
Maria José começou a trabalhar no TJSP em 1978, como oficial judiciário no departamento pessoal. No ano seguinte, por estar cursando a faculdade de psicologia, foi convidada pelo assistente social João Batista Aducci, diretor do serviço de colocação familiar do Juizado de Menores, para estagiar nas várias unidades da Febem em ambulatórios de saúde mental, supervisionado pelo psicólogo André Francisco Pilon. Os estágios visavam à sua preparação futura para um trabalho no próprio Tribunal, principiando por atividades no serviço de colocação familiar.
A colocação familiar consistia na avaliação e acompanhamento das famílias candidatas e das já beneficiadas pela Lei 560, de 27 de dezembro de 1949, que previa a destinação de uma verba àquelas famílias que dela necessitassem, para manter suas crianças e adolescentes e evitar a internação desses menores. A atuação do psicólogo nesse serviço, tinha o objetivo de propiciar apoio para a reestruturação dessas famílias.
Mais uma vez, Maria José contribuiu com a história. No início da década de 80, o então juiz de menores, Antonio Luiz Chaves de Camargo, introduziu as “audiências interdisciplinares”. Com isso, os assistentes sociais, juntamente com psicólogos voluntários, passaram a dar seu parecer profissional nas audiências, na presença do juiz e do curador de menores. Assim, ela começou a participar das audiências na Vara de Menores – 1º ofício, posteriormente, denominada Vara Central de Menores e, hoje, Vara da Infância e Juventude. “Eu fiz a primeira audiência interdiciplinar. Convidei outros amigos com formação em psicologia para serem voluntários, precisávamos de apoio. A figura do psicólogo era algo novo no Tribunal”, declara Zezé.
Em 1982, foi contratada como psicóloga até a sua efetivação por concurso, três anos depois, quando foi trabalhar no foro regional IV – Lapa. Foi o primeiro concurso de psicólogo do TJSP.
O convite para implantação do setor de Psicossocial do TJSP partiu da assistente social Maria Celeste Anderson. Ela a convidou para formar a equipe de serviço de atendimento psicossocial clínico de magistrados e funcionários do Tribunal de Justiça, para realizar o trabalho terapêutico, atividade exercida por ela até a presente data.
Zezé é especialista em Psicologia Clínica e Jurídica e, no ano passado, concluiu o curso de Capacitação em Conciliação ou Mediação na Escola Paulista da Magistratura. Para ela, o trabalho realizado no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Capital abre espaço para o desenvolvimento de um novo campo de trabalho em benefício daqueles que recorrem ao Tribunal.
Como amante da Psicologia e do Tribunal, ela sabe que pode contribuir com sua experiência profissional, idealismo, motivação e disposição em ajudar na melhoria do Tribunal de Justiça, com mais valorização do servidor de maneira ampla e integrada. “Esse objetivo, essa valorização, foi citada na primeira frase dita pelo presidente Ivan Sartori, em palestra realizada no fórum João Mendes Jr., na última sexta-feira (24), intitulada como "O servidor e a Presidência do Tribunal de Justiça – uma conversa franca”.
Ao pedir que deixe uma mensagem ao novo presidente, com entusiasmo, diz que “toda autoridade é constituída por Deus. Deus tem um propósito e não foi por acaso que foi eleito presidente”.
Zezé deixa uma mensagem à família forense: “não somos ninguém sozinhos, um precisa do outro para se nutrir. Procure não pensar nas coisas do passado, é tempo de mudança, tudo se fez novo. Vamos ter esperanças em futuro melhor, pois quando acreditamos somos estimulados a fazer o melhor. O melhor está por vir. Creia!"
NR1: No último dia de cada mês, o GACS publica notícia diferente do padrão técnico-jurídico-institucional.
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Comunicação do TJSP – LV (texto e foto)
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