Primeira edição do ‘Rolê na Praça’ reúne centenas de jovens em Tatuí
Mais de 600 jovens estiveram presentes.
Com o objetivo de garantir aos jovens protagonismo e participação social efetiva, para a construção de ações positivas voltadas a eles mesmos e, de quebra, proporcionar aos adolescentes opções de lazer, cultura e esporte, o Judiciário de Tatuí, em parceria com a Prefeitura local, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude, com diversas instituições públicas e privadas, e, principalmente, com grupos de adolescentes frequentadores daquele espaço público, promoveram, no último dia 28, a primeira edição do “Rolê na Praça”, evento que reuniu mais de 600 jovens na Praça Martinho Guedes, conhecido ponto de encontro da cidade.
Durante a ação, que conta também com a parceria do Núcleo de Justiça Restaurativa de Tatuí; do Conselho Tutelar; da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana; da Faculdade de Tecnologia (Fatec); do Movimento Hip Hop e dos movimentos jovens religiosos; da Secretaria de Segurança Pública; do Centro de Referência de Assistência Social (Cras); e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), os jovens andaram de skate, jogaram basquete e participaram de batalhas de rimas promovidas por diversos rappers da região, além de assistirem à apresentação da Orquestra de Cordas com Visel MC, regida pelo maestro Juliano de Arruda Campos.
A iniciativa começou a tomar forma quando, desde o início deste ano, representantes das instituições envolvidas, por meio de uma série de reuniões, traçaram estratégias para garantir maior segurança, entretenimento e participação aos jovens que frequentam a praça nos finais de semana, mas colocando eles próprios à frente das ações e dos cuidados com os demais jovens. “O evento se apresenta como fruto de uma construção coletiva, na qual os jovens têm, efetivamente, vez e voz para protagonizarem as atividades voltadas a eles próprios, com o suporte e retaguarda dos adultos e das instituições. Assim, gera-se o sentimento de pertencimento social e, por consequência, de uma melhor autoestima para esses jovens, pois eles próprios passam a ter a liberdade e o poder para criar e desenvolver as atividades de arte e esporte que lhes interessam, mas, ao mesmo tempo, assumem a responsabilidade sobre as suas próprias condutas e pela segurança de todos. Com isso, alguns problemas anteriormente verificados foram minimizados, como a questão do consumo excessivo de bebida alcoólica”, explica o juiz da Infância e Juventude de Tatuí, Marcelo Nalesso Salmaso, integrante do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do TJSP e coordenador do Núcleo de Justiça Restaurativa da Comarca.
O magistrado, entusiasta da Justiça Restaurativa, afirma ser muito importante a colaboração dos jovens nos debates em busca de uma sociedade mais justa e participativa. “Quando os próprios jovens se veem como os responsáveis por pensar o problema e desenvolver a solução, alçados a sujeitos da história e de suas histórias, assumem a responsabilidade pela construção de caminhos e pelas consequências de suas escolhas. E a Justiça Restaurativa busca a mudança dos paradigmas de convivência, como verdadeiro instrumento de transformação social, convidando todos os atores sociais, desde a sociedade civil como instituições e o Poder Público, a repensar as formas de convivência, deixando de lado a lógica de competição para se construir a cooperação, com o objetivo de compreender quais são os motivos profundos que levam à violência e à transgressão e, de forma conjunta, atuar para modificá-los ou neutralizá-los.”
Marcelo Salmaso acredita que o engajamento dos jovens tatuianos proporcionará melhor utilização do espaço público do município e diminuição dos problemas relativos à segurança pública. “O que se percebe é que um dos grandes motivadores da violência e da transgressão é o sentimento de não pertencimento, gerado pela exclusão social ou institucional. Portanto, o evento, para além de ofertar ações voltadas ao lazer, ao esporte e à cultura para os jovens, o que os conecta a atividades que transmitem valores positivos, tem por objetivo principal garantir aos garotos e às garotas o sentimento de pertencimento e de fortalecimento da autoestima, concedendo a eles o protagonismo na construção das ações, de forma que tais jovens se sintam dentro e junto da sociedade como um todo, para com ela cooperar. Ou seja, não podemos fazer ‘por’ eles, ‘para’ eles, e muito menos ‘sem’ eles, mas, sim, ‘com’ eles, os jovens. Daí nascem grandes projetos de futuro e de evolução social, como o evento deste sábado, que foi apenas o primeiro, de tantos outros. E a ação foi o primeiro passo para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana.”
A próxima edição do encontro está prevista para acontecer no próximo sábado (11).
N.R.: texto originalmente publicado no DJE de 8/11/17.
Comunicação Social TJSP – AM (texto) / Divulgação e KS (fotos)