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Esporte, fé e trabalho marcam a trajetória de Jurandir

        A comprovação de que a persistência faz a diferença na vida das pessoas pode ser verificada no relato da vida do servidor do PABX do Fórum de Guarujá. Desde criança Jurandir Ferreira da Silva acreditou que, lutando, poderia tornar possível o impossível e alcançar seus objetivos.

        De origem humilde, no esporte e nos estudos percebeu uma luz que poderia iluminá-lo e ajudá-lo a melhorar de vida. "Sou esportista de alma e não de moda", afirma o servidor. Ele jogou futebol em times da periferia e chegou até o infantil dos Santos Futebol Clube. Em sua infância também esteve presente a prática de natação, boxe e atletismo. O gosto pelo esporte estava no sangue da família pois seu tio Argemiro César Ferreira se destacava no pedestrianismo na baixada santista e na capital.

        Jurandir narrou sua caminhada no triathon. Ele treinava sozinho e utilizava uma bicicleta velha e enferrujada. "Pedalava até Bertioga sem reserva de câmara, sem nenhum apoio. Eu pensei: se com a bicicleta de ferro, pesada, consigo pedalar, então terei uma chance maior se tiver com uma bicicleta leve." Pensando assim conseguiu comprar a bicicleta de um amigo, que parcelou em várias vezes. "Tem que ter investimento na bicicleta, levá-la em oficina especializada, cuidar direitinho, pois a areia atrapalha o giro." Ele completa: "as sapatilhas e roupas também comprei usadas. A sapatilha comprei na 'feira do rolo', remendei e estou usando até hoje (risos); já as roupas também foram de meu amigo".

        Nos esportes em que participou - atletismo, boxe, natação e triathlon - conseguiu ganhar várias medalhas pelas boas classificações obtidas. Atualmente é treinado pelo professor de Educação Física e amigo Roberto, técnico da equipe de triathlon da cidade de Guarujá, que lhe passa as orientações e planilhas de treinamento. Ele chega a treinar em dois períodos e reveza entre a natação, corrida e ciclismo chegando a percorrer mensalmente 24 km de natação, 120 km de corrida e 520 km de ciclismo. "A disciplina que o esporte exige me ajuda a vencer os desafios no âmbito profissional e pessoal. Sempre com muita dificuldade, tenho que dividir meu tempo entre o trabalho, família, religião e esportes; procuro participar das competições que o valor da inscrição me permite", salienta o competidor.

        Jurandir compete no triathlon na categoria amador, na faixa de 35/39. São 750 metros de natação, 20 km ciclismo e 5 km de corrida. "Entendi que é necessário bastante treino. Em dois anos de treinamento você fica mediano. O triathon tem sua peculiaridade. Tem que ter desempenho médio nas três modalidades. Você tem que nadar sabendo que precisará de energias para as outras competições", ressalta.

        Devoto de Nossa Senhora Aparecida, como forma de agradecer pela vida, família, saúde, trabalho e amigos, anualmente vai de bicicleta ao Santuário de Aparecida percorrendo o trajeto com o grupo “Pedalando com Fé”, saindo do bairro de Itaquera em São Paulo, viajando a noite inteira até chegar ao santuário depois de 10 a 12 horas de pedaladas. Ele garante que após a viagem, cansado, volta para casa renovado e grato pelas graças alcançadas. Já foi pedalando com um grupo duas vezes pela rodovia e uma vez pelo campo. Ele revelou um fato atípico acontecido em 2009: o padre ficou sabendo do grupo de ciclistas e os convidou para entrar na igreja carregando a Santa, permanecendo no altar durante a missa. "Foi um momento de grande emoção!", lembra-se.

        A origem - Jurandir nasceu no município de Guarujá, segundo filho homem de uma família de seis irmãos. Seu pai, João Bento da Silva, era guarda-noturno e sua mãe, Valdemira Ferreira da Silva, faxineira. Desde pequeno sabia que tinha que "ralar" se quisesse algo. Foi cuidador de veículos nas ruas, vendedor de milho nas praias de Guarujá e faxineiro de prédio. Cresceu ajudando o pai que também era pedreiro nas horas vagas. Casado com Graziela Costa de Paula Silva, tem uma filha de quase dois anos, Isabella Costa Silva.

        O estudo - A trajetória estudantil de Jurandir não foi fácil. Estudou todo o primário até o antigo ginásio em escola pública e cursou elétrica na escola Senai de Santos aos 14 anos de idade. Estudar no Senai era um sonho disputadíssimo, pois só havia 12 vagas e ele conseguiu uma delas. O outro sonho que tinha era estudar na Fatec. "Sabia que só tinha um modo de mudar de vida, que era estudar... estudar... e estudar. A cada vestibular percebia que estava chegando mais perto, mais próximo de cursar a faculdade." Jurandir chorou ao lembrar que sua mãe o mandava dormir porque já havia estudado muito para aquele dia, mas ele insistia que tinha que estudar.

        Após entrar no fórum, exatamente em 8/11/93, dedicou-se aos estudos e fez sua primeira faculdade (Processamento de Dados) na disputada instituição Fatec de Santos. "Gosto de mim como sou, sempre em busca de algo novo, não consigo ficar parado. Então resolvi prestar Fatec novamente. Muita gente dizia que era difícil passar, pois já fazia muito tempo que não estudava. Passei para Logística de  Transporte."

        O Tribunal -  Seu ingresso no Tribunal de Justiça se deve em parte à sua irmã Vanderli. Ele tinha 18 anos quando ela comentou que estava aberto o concurso para auxiliar judiciário (telefonista) no fórum de Guarujá e Jurandir não pensou duas vezes. Viu a possibilidade de crescimento, resolveu prestar o concurso, aproveitando que estava estudando para vestibulares. Sua persistência valeu a pena. Classificado em 1° lugar em meio a 360 candidatos, viu a oportunidade de conseguir fazer a tão sonhada faculdade, pois deixaria de ser faxineiro e investiria mais tempo nos estudos. "O Tribunal de Justiça foi a virada de página da minha vida", declara Jurandir. Com carinho, conta a emoção de receber o primeiro salário como servidor do Judiciário. Ao abrir o holerite viu o valor e pensou: "tô rico", pois sua nova remuneração era bem maior que seu salário de faxineiro.

        Suas atividades no fórum vão além da telefonia. Participativo, ajudou na realização de eventos em prol da valorização dos funcionários da Comarca de Guarujá, organização e locução na Expo-Fórum, oportunidade em que os servidores demonstravam suas habilidades culturais e artísticas por meio da pintura, escultura, peças em crochês e poesias, entre outras. O juiz da época, que lhe deu todo apoio, era Guilherme da Costa Manso Vasconcelos.  

        Jurandir relatou que sempre busca ver o potencial de cada pessoa. Recentemente, ajudou sua sobrinha Daiane Lima de Paula na publicação e venda de seu livro de poesias, procurando desenvolver nos jovens o incentivo a cultura. Também realizou o sonho de sua mãe que, após a perda do esposo em janeiro de 2010, estava entrando em estado depressivo. Perguntou a ela se tinha um sonho que gostaria de realizar e sua mãe afirmou: "tenho 73 anos, acabei de perder seu pai, agora é só esperar a minha hora de partir...". Passados alguns meses ela lhe disse que, quando era criança, no interior da Paraíba, tinha  esperança de conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, da qual é devota, mas que sabia que era impossível de concretizar. Mais que depressa, consultou diversas agências de viagens para viabilizar a realização do sonho de sua mãe. Juntaram suas economias e deram a entrada e parcelaram um pacote de viagem rumo à realização do sonho. Vislumbrada com Portugal, conheceu as casas de fado, comeu pastelzinho de Belém e foi ao tão sonhado Santuário de Fátima, onde em prantos agradeceu pela vida e pela família.

        "Sempre olhei para as pessoas vendo o potencial e orientando para o desenvolvimento. Sempre coloco Deus em tudo. A recompensa é a superação, Deus gosta que a gente se supere", finaliza.

 

        Esse texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro minuto do primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que – de alguma forma – realizam atividades que se destacam entre os servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que o diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados.
        Com o projeto “Jus_Social”, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo foi o ganhador do X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012, na categoria Endomarketing.
        

         NR1: No último dia de cada mês, o GACS publica notícia diferente do padrão técnico-jurídico-institucional.        

         NR2: Participe. Envie sugestões de pauta sobre magistrados e servidores do Poder Judiciário para o e-mail da Comunicação Social. 

      
        Comunicação Social TJSP – LV (texto) / LV - arquivo pessoal (fotos)
        imprensatj@tjsp.jus.br


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