O romance entre os processos – a sopa de letrinhas de uma servidora
O projeto Jus_Social deste mês apresenta a servidora Sandra Cristina Laranjeira Crippa, diretora do 1º Ofício Cível de Itaquaquecetuba, que, além da dedicação ao trabalho forense, é autora de livros de romance. Ela gosta da simplicidade das coisas, de andar com os pés descalços, de assistir a desenho animado, de pisar a terra, correr na chuva e comer chocolates. Uma pessoa romântica por natureza.
O gosto pela escrita aconteceu quando tinha 14 anos. Começou a escrever poesias e depois passou a produzir romances. Escreveu o primeiro em 96 (Cantos de Areia, lançado em 2014) e o segundo em 98 (Amor em Primeiro Grau, em 2013). Até 2012 não tinha adquirido coragem de mostrar seu trabalho ao público por acreditar que não era bom o suficiente. Em 2012, o incentivo familiar contribuiu para que ela enviasse o Amor em Primeiro Grau à análise de uma editora indicada pela sua amiga. O lançamento ocorreu no ano seguinte, e a obra vendeu quase 300 exemplares, motivando-a reescrever Cantos de Areia, por achar muito imaturo. Em 2014, lançou-o e vendeu cerca de 200 exemplares.
Nova oportunidade surgiu em janeiro do ano passado, quando foi convidada pela mesma editora a lançar novo livro na Bienal, o que ocorreria meses depois. Assim nasceu O Mistério de Karitiana – Em busca do guardião, lançado em agosto. "Essa é uma vitória além do esperado. Estar entre autores consagrados, tendo a oportunidade de expor meus livros em um evento dessa magnitude, decerto eu não ousaria sonhar anos atrás", ressalta. Sandra acredita no amor. Adora leitura que a comove e a faz rir ao mesmo tempo. "Creio que falta romance na vida das pessoas, e por isso mesmo o foco maior dos meus livros é o romance. A arte de amar tem sido esquecida diante da correria do dia a dia e do nosso envolvimento em tantas e tantas atividades."
Além de ler e escrever, ela gosta de fazer artesanato, bordar e criar peças de patchwork, e os planos para a aposentadoria envolve a dedicação ao Ateliê Laranjeira em Flor, cuja criação, por ora, só está no papel. Além, é claro, de aspirar a uma dedicação maior à carreira de escritora. Ela não abre mão de passar seu tempo livre com a família – marido, filhos, mãe, irmãs, cunhados, sobrinhos, tios, tias, primos, primas... A servidora orgulha-se ao dizer que tem uma família muito unida e volta e meia estão juntos em um churrasco, num almoço de domingo, uma sessão de cineminha em casa com direito a pipoca, refrigerante e brigadeiro de colher.
O TJSP na sua vida – A artista do Judiciário nasceu em Itaquaquecetuba e começou a trabalhar muito cedo para ajudar a família, que passava por dificuldades financeiras. Trabalhou em escritório contábil na cidade de Arujá e em 86 ficou sabendo do concurso para o cargo de escrevente. Era somente uma vaga e não havia material para estudar. Por isso, em um primeiro momento, não se entusiasmou. Contudo conseguiu tomar emprestados códigos (civil, penal e os processuais respectivos) e uma máquina de escrever portátil. Assim, decidiu se envolver inteiramente nos estudos, pois o salário era três vezes mais do que ela recebia. "Isso poderia representar duas coisas: ajuda financeira para minha família e a realização de um sonho: cursar uma faculdade", conta. Ela prestou as provas, mas não carregava muita esperança por acreditar que não poderia concorrer com pessoas que, aparentemente, teriam muito mais condições do que ela. A vida prega peças e quando saiu o resultado... lá estava ela em primeiro lugar, angariando a única vaga! As mudanças em sua vida começaram a partir daí. Com o salário ajudava a família e cursava a faculdade de Direito. Em 90, passou a ser chefe da seção cível da recém-criada 3ª Vara Distrital de Itaquaquecetuba. Três anos depois assumiu a diretoria da unidade. Em 2005, com a elevação à categoria de comarca e a especialização das varas, passou a ocupar o cargo de diretora da 1ª Vara Cível da Comarca de Itaquá, onde permanece até hoje.
Mensagem – "Do ingresso aos dias atuais se passaram quase 28 anos. Amo meu trabalho. Não teria escolhido outro lugar para trabalhar. Vivenciei as mudanças significativas ocorridas no TJSP, muitas com alegria, outras com o natural temor do novo, mas posso dizer que, apesar de tantas dificuldades que enfrentamos, acredito no nosso trabalho, na equipe que tenho e creio que estamos rumando para dias melhores. Tenho muito orgulho de pertencer ao maior tribunal do País e desejo que sejamos conhecidos no futuro não só por essa razão, mas também por ter se tornado o tribunal com o melhor desempenho do País."
Projeto Jus_Social – Este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que, de alguma forma, realizam atividades que se destacam entre servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, em campanhas sociais, no trabalho diário, enfim qualquer atividade ou ação que os diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados. Com o Projeto Jus_Social, o Tribunal de Justiça de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing).
Comunicação Social TJSP – LV (texto) / arquivo (fotos)
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