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Do Pato Donald à descoberta literária – a decolagem de um servidor-escritor

        Quem pensa que um inocente gibi não tem poder de persuasão, está muito enganado. Ele pode ser a decolagem para um escritor, como foi para o servidor Fernando Paulo Ferreira, deficiente auditivo desde os seis anos de idade. Sua deficiência aconteceu em 1974, quando um surto de meningite o atacou. Enquanto esteve no hospital, não podia andar, mas, aos poucos, foi adquirindo novamente os movimentos e a única sequela foi a surdez. O projeto Jus_Social deste mês conta um pouco da saga de um menino que venceu limites e se tornou autor de livros.
        
Com a infância vivida em boa parte em Jandira e uns dois anos na Bahia, na fazenda de seus avós, próximo da cidade de Jequié, onde iniciou seus estudos na escola rural. Depois desse tempo, voltou e continuou o ensino sempre em escolas normais, sem dificuldade alguma, até se formar em Administração pela UniFieo de Osasco. Fernando consegue se comunicar sem usar libras, mas, para isso, o interlocutor deve estar virado para ele sem cobrir os lábios nem falar rápido demais, tem que falar de forma articulada.

        Com a formação em Administração de Empresas trabalhou 18 anos na iniciativa privada. O gosto pela organização do local de trabalho o motivou a estudar para o concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo. Tomou posse na 1ª Vara Cível da Comarca de Osasco, adquiriu experiência, ajudou os colegas na questão da tecnologia, resolução de problemas, formas melhores de trabalhar, eliminando obstáculos que provocavam atrasos. Nos últimos anos, resolveu respirar novos ares e numa visita à Americana ele e a esposa se apaixonaram pela cidade. Inscreveu-se no sistema de remoção e foi aprovado. "Precisava respirar novos ares, os de uma cidade do Interior fazem muito bem", enfatiza o artista.

        Natural de Barueri/SP, Fernando é filho de Nemézio Paulo Ferreira e Marinalva Santana Ferreira que tiveram outros seis filhos: Leôncio, Cristina, Eliana, Regina, Heleni e Lilian. Fernando casou-se com Fernanda Palmeira de Abreu. Eles ainda não têm filhos, mas estão firmes no propósito de adotarem uma criança. Enquanto isso, a gatinha Lily é a felizarda que recebe o carinho do casal.

        Literatura – Ao pegar pela primeira vez revistas de quadrinhos do Pato Donald, mesmo sem saber ler, folheou e entendeu as cenas pelas figuras. Assim surgiu seu despertar literário. O primeiro livro Eu Acredito que Posso voar, de crônicas, textos curtos que retratam a vida cotidiana, cenas que ele presenciou, é de 2012. Também nesse ano elaborou a obra Dias de Graça e Tribulação, uma ficção cristã, fantasia espiritual que narra a aventura de um personagem anônimo em apenas dois dias. Em um dia tudo é maravilhoso, pessoas se amam, perdoam suas falhas e, no segundo, tudo muda, transformando as pessoas quase em monstros egoístas. O último livro Um dia comum, escrito no ano passado, é uma ficção ambientada na cidade de São Paulo. Em um dia normal, como qualquer outro, de repente, as pessoas começam a desaparecer inexplicavelmente. O segundo volume da obra está em vias de ser terminado. Os três livros podem ser adquiridos no Clube de Autores (www.clubedeautores.com.br).

        Além de trabalhar e escrever, Fernando gosta de ler. É viciado em literatura, com cerca de 200 livros na estante e há outros na fila de leitura. "Atualmente, estou lendo Divergente, de Veronica Roth, pode parecer livro de adolescente, mas vale a viagem", revela. Ele gosta ainda de passear com sua esposa em Americana ou no shopping na cidade vizinha. Também almoçam juntos e vão à igreja onde congregam. Quando está em casa, curte bons filmes e se envereda em novas aventuras literatura.

        Essa é a trajetória de um servidor-escritor que consegue ouvir além dos ouvidos, pois ouve com os olhos, com a mente, com o coração e reproduz o som da alma em palavras cravadas no papel.

 

        Projeto Jus_Social – Este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que, de alguma forma, realizam atividades que se destacam entre servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, em campanhas sociais, no trabalho diário, enfim qualquer atividade ou ação que os diferencie. Com isso, anônimos ganham vida. Com o Projeto Jus_Social o Tribunal de Justiça de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing).

 

        Comunicação Social TJSP – LV (texto) / Arquivo pessoal (fotos)
        
imprensatj@tjsp.jus.br


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