Joaquim de Paula Ribeiro é homenageado na ‘Agenda 150 anos’
Conhecido como “juiz do povo”, o magistrado Joaquim de Paula Ribeiro foi homenageado ontem (22) pela Agenda 150 Anos de Memória Histórica do Tribunal de Justiça Bandeirante, projeto que busca resgatar o legado de grandes personalidades que trabalharam na instituição.
A incumbência de ser orador em nome do TJSP coube ao desembargador José Manoel Ribeiro de Paula, sobrinho do homenageado. Ele relembrou a personalidade única de seu tio, homem folclórico, inseparável de sua botina e cigarro de palha, que com humildade do caráter conseguia entender a população e promover a conciliação entre seus jurisdicionados.
Joaquim de Paula Ribeiro nasceu em 21 de outubro de 1925, integrante de uma família de 11 pessoas. “Não é fácil alcançar e apreender a sofrida, pungente e profunda dimensão das dificuldades e dos percalços que aquela família, no início do século XX, viveu na pequena Ituverava, interior de São Paulo”, afirmou o desembargador.
Mesmo com todos os obstáculos, o homenageado conseguiu formar-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1953. Exerceu a Advocacia antes de ingressar na Magistratura, feito que conseguiu em 1957. Nos anos seguintes, judicou nas comarcas de Lins, Cananéia, Nhandeara, Jales e São José do Rio Preto (onde permaneceu por nove anos). Em 1975 foi promovido para a Capital, mas aposentou-se no mesmo ano. Passou as décadas seguintes advogando e cuidando de suas lavouras. Faleceu em 2007.
O desembargador Ribeiro de Paula trouxe diversos relatos e crônicas de jornais sobre o homenageado. Um jornalista escreveu que durante a “caça às bruxas” ocorrida no regime militar, muitos professores e alunos da Faculdade de Filosofia de Rio Preto foram perseguidos, mas todos aqueles que caíram na jurisdição de Joaquim Ribeiro de Paulo foram absolvidos “não por questões ideológicas, mas por respeito à democracia, ao cidadão e ao Direito”, contou o cronista da época.
Já um dos “causos” mencionados pelo desembargador, narra que em Rio Preto havia um humilde circo que se apresentava em bairros carentes. Seu dono entrou em dificuldades financeiras e vendeu os bens, como a lona, as cadeiras, os cavalos, até que sobrou apenas um elefante, com o qual realizava apresentações para as crianças. Até que um credor decidiu penhorar o animal e entrou na Justiça. De posse do processo, o promotor levou o caso até o juiz e pediu a penhora do bicho. Joaquim Ribeiro de Paula despachou favoravelmente, mas com um detalhe: nomeou o promotor como guardião judicial do paquiderme. O Ministério Público logo pediu o encerramento da ação. O folclore “mostra a maneira leve, divertida e humana, nem por isso menos séria, hoje talvez impraticável nos grandes centros urbanos, com que o homenageado tratava seus companheiros de trabalho e também os jurisdicionados”, disse o desembargador.
Em nome da família falou Joaquim de Paula Ribeiro Júnior, filho do homenageado, que agradeceu seu primo e o presidente do Tribunal, desembargador José Renato Nalini, pela homenagem.
A cerimônia foi encerrada pelo vice-presidente do TJSP, desembargador Eros Piceli. “O próprio Tribunal resta homenageado ao lembrar as grandes figuras que por aqui passaram”, afirmou.
Ao evento compareceram também o presidente da Seção de Direito Privado do TJSP, desembargador Artur Marques da Silva Filho; o presidente da Seção de Direito Público, desembargador Ricardo Mair Anafe; o presidente da Comissão de Resgate da Memória da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo, José de Ávila Cruz; os filhos do homenageado Maria Cristina Falleiros de Paula Salomão, Luiz Augusto Falleiros de Paula e Adriana de Paula Stephan; a nora Vera Regina; os netos Juliana, Alexandre, Ricardo, Fernando, Marco Túlio, Maria Paula, Renato, Joaquim Neto, Paulo Henrique, Guilherme, Eduardo e Leonardo; bisnetos Maria Eugênia, João Pedro, Francisco e Ana Júlia; demais desembargadores, juízes, autoridades civis e militares, servidores e amigos.
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Comunicação Social TJSP – GA (texto) / AC (fotos)
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