Maratonas no trabalho e na natação: atividades de um servidor-esportista
Durante o expediente forense, o diretor do 2º Ofício Cível de Atibaia, Danilo Milanello, arregaça as mangas e enfrenta a maratona de processos. Já nas horas vagas, ele enfrenta maratonas de natação: treina e compete em travessias em águas abertas (mar e represas). Atividades bem diferentes, mas que se complementam e contribuem para o equilíbrio pessoal e profissional. Neste mês, o projeto Jus_Social contará um pouco das aventuras do servidor-esportista.
Milanello nasceu, cresceu e vive em Atibaia. É o segundo dos três filhos do “seo” Valdir (funcionário do TJSP) e da professora dona Cleide, ambos aposentados. Casado há 11 com Rosana Cristina de Almeida, tem duas filhas – Nicole, de oito anos, e Ana Carolina, de dois meses. Em 2000, bacharelou-se em Direito pela Universidade São Francisco, de Bragança Paulista.
A infância do servidor não foi diferente de qualquer garoto da década de 80. Como em qualquer cidade do interior, após a escola a molecada costumava passar as tardes brincando na rua, até o pôr do sol, quando as mães iam buscá-los pelas orelhas, depois de inúmeras chamadas. Mas Milanello tinha ainda as aulas de natação duas vezes por semana.
Ingresso no TJ – ainda no primeiro ano da faculdade, em 1997, prestou concurso para escrevente na 54ª Circunscrição Judiciária (Amparo). A decisão pela carreira pública foi influência do irmão mais velho, Alexandre, que na época já era diretor do 3º Ofício Cível, e do pai, que havia trabalhado a vida toda no TJSP e estava aposentado. Foi aprovado em terceiro lugar. Assumiu o cargo em maio de 1998 e lá ficou por um ano, quando conseguiu permuta para Atibaia, indo trabalhar no mesmo cartório que seu pai trabalhou e dirigiu por mais de trinta e cinco anos. Uma década depois de entrar no TJSP, foi nomeado diretor do ofício.
Esporte em sua vida – entrou na natação aos oito anos de idade, por recomendação médica, como parte do tratamento para asma. A paixão foi instantânea. Com o tempo se aperfeiçoou e, aos 12 anos, começou a participar de campeonatos regionais, sempre obtendo bons resultados. Aos 17 anos precisou “abandonar” as piscinas e se dedicar com mais afinco aos estudos.
Em 2009, retornou às águas com a equipe do fórum no tradicional “Torneio dos Trabalhadores”, realizado anualmente pela Prefeitura de Atibaia. Em 2011, foi procurado pelo professor Dannyel Sieburth, que estava montando uma equipe para participar de campeonatos de maratona aquática e travessias em águas abertas (mar e represas). "Num primeiro momento achei que aquilo era coisa de maluco, mas topei o desafio, e começamos a treinar firme. Não imaginava que havia tantos 'doidos' nesse tipo de esporte", brinca.
Até o momento da largada, Danilo ainda se perguntava o que fazia ali. "Ao ouvir a buzina, fui tomado por uma sensação indescritível, misto de alegria, prazer, satisfação e insegurança, algo que só quem participa sabe como é. Naquele momento eu senti que me apaixonava por esse esporte", declara Milanello. Ele conseguiu a proeza de chegar em terceiro lugar já na primeira prova.
Aventuras aquáticas – desde então, Danilo Milanello participa do Circuito Paulista de Maratonas Aquáticas. Obteve segundo lugar no ranking final, em 2013, e primeiro lugar nos anos de 2014 e 2015, nas provas de dois quilômetros. Esse circuito é composto por dez etapas, uma por mês, exceto agosto e dezembro, sendo uma em cada cidade do litoral ou do interior paulista, como Ilhabela, Caraguatatuba, São Sebastião, Rifaina, Araraquara, Jacareí e São Bernardo do Campo.
Em 2016 já foram realizadas três etapas e Danilo lidera o ranking na prova de um quilômetro. Está em quarto lugar na prova de quatro quilômetros. A próxima prova será em Caraguatatuba, no dia 17 de abril. No último dia 13, ele e os colegas Aldo Alencar de Carvalho, João Carlos Moreira e Raul Flávio Barros Rodrigues, representaram o Fórum de Atibaia no ‘Torneio dos Trabalhadores’, conquistando cinco medalhas de ouro nas cinco provas disputadas.
Para Milanello, o ponto máximo da grande paixão é a “Travessia 14 Bis”, organizada pela Força Aérea Brasileira. São 24 quilômetros que separam o Forte de São João, em Bertioga, da Base Aérea de Santos, no Guarujá. "Nunca tinha ouvido falar de uma prova deste tipo, até que o mestre Dannyel, ainda no ano de 2011, me contou que participaria. Na hora, eu disse que ele era louco. Ele respondeu que no ano seguinte eu participaria também. Pensei que jamais faria uma coisa dessas, mas ele acreditou no meu potencial, insistiu e me preparou", conta.
Danilo confessa que estava inseguro ao participar pela primeira vez, sem saber o que esperar e como seu corpo reagiria. Sentiu muito frio, dor e cansaço, mas disse que a sensação de superar seus limites e enfrentar o medo foi fantástica. "Na chegada, quando minha esposa me perguntou, aflita, como eu estava, respondi: ‘com uma vontade louca de fazer tudo de novo!’".
Em 2013 lá foi ele competir novamente, dessa vez bem mais confiante. Acreditava que conhecia o percurso, estava bem mais preparado e tinha certeza de que faria um tempo melhor que o do ano anterior. No entanto, as coisas não aconteceram da forma prevista. Por questões de segurança, a organização da prova inverteu o percurso e os competidores enfrentaram correnteza forte, tiveram problemas com o barco de apoio e ficaram sem comida. Muitos nadadores, entre eles dois da sua equipe, abandonaram a competição. "Foi em homenagem a eles e também pensando muito na minha família a minha espera, que, apesar da exaustão, fui até o fim, jurando que nunca mais faria uma loucura dessas", relembra.
Como diz o velho ditado, o tempo é o santo remédio! As coisas se acalmaram e Danilo decidiu encarar o desafio pela terceira vez em 2014, buscando melhorar o resultado do ano anterior. Dessa vez, tudo saiu perfeito! O clima estava bom, o mar colaborou, quase não pegaram correnteza e não tiveram problemas com o apoio. Sua equipe conseguiu terminar a prova em menos de seis horas, exatamente uma hora e meia abaixo do que havia feito em 2013, conquistando o sétimo lugar. Em 2015, Danilo contou também com o apoio do amigo André Tamasauskas e conseguiram o sexto lugar.
Milanello assegura que a motivação de participar dessas provas é superar os próprios limites, vencer medos e inseguranças. "É fazer a prova seguinte sabendo que eu posso dar um pouco mais do que na anterior. E experimentar, a cada vez, a sensação indescritível de chegar, olhar tudo o que ficou para trás e dizer: venci a mim mesmo!", ressalta. "É tamanho o sentimento de realização que os troféus e as medalhas passam a ser secundários." O competidor está empolgado para participar pela quinta vez da ‘Travessia 14 Bis’. Sua inscrição já está feita e a prova será em outubro.
Mensagem – "Mais do que enormes benefícios à saúde, o esporte me ensinou e me ensina a ter, em todos os ramos da minha vida, disciplina, dedicação, foco e, acima de tudo, fé em mim mesmo na perseguição dos meus objetivos e na superação dos meus limites. Também me dá oportunidade de conhecer e conviver com amigos verdadeiros. Se me disserem que é difícil, vou lá e faço. Se me disserem que é impossível, peço mais cinco minutos.”
Comunicação Social TJSP – LV (texto) / GD e arquivo pessoal (fotos)
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