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1932 outra vez

TJSP preserva, rememora e celebra a história da Revolução Constitucionalista.
 
Protegido por uma barricada de fardos de feno, um soldado fixa os olhos no inimigo. As armas, estrategicamente posicionadas, demonstram determinação em vencer a guerra em prol de uma nova Constituição. Os mastros com bandeiras do estado de São Paulo compõem o cenário e afastam qualquer dúvida sobre a origem das tropas. As selas devidamente equipadas ilustram a prontidão de homens e mulheres para irem à luta. O panorama remonta ao ano de 1932, marcado pela Revolução Constitucionalista que se ergueu contra o autoritarismo do Governo Provisório de Getúlio Vargas, e fez parte da ambientação do Salão dos Passos Perdidos, hall de entrada do Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, no último dia 26.
Em memória aos 91 anos da Revolução, o Museu do TJSP, coordenado pelo desembargador Octavio Augusto Machado de Barros Filho, promoveu, em parceria com a Assessoria Policial Militar do TJSP, a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Secretaria de Segurança Pública, encenação que possibilitou que magistrados, servidores, integrantes da PM e público externo revivessem as angústias e emoções de 23 de maio daquele ano. Aos brados de “tudo por São Paulo, fora Getúlio”, estudantes da Escola Superior de Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo “Coronel PM Eduardo Assumpção” entraram em cena em homenagem aos que fizeram a diferença na história do país. 
 
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A Revolução de 1932 pode ser definida como “um marco para São Paulo e para o Poder Judiciário, um movimento pelo Brasil e por todo o sistema constitucional”, afirmou, em breve discurso que antecedeu a encenação, o presidente do Judiciário paulista, desembargador Ricardo Mair Anafe.
Todo ano o TJSP homenageia os fatos históricos relacionados ao feriado estadual de 9 de julho e divulga os esforços permanentes de preservação da memória.
O Museu do Poder Judiciário paulista preserva e expõe documentos e itens importantes do período, como armamentos, vestimentas e objetos. Está disponível, por exemplo, o discurso do presidente do Tribunal na época dos fatos, ministro Manoel da Costa Manso (1876 – 1957), que se manifestou expressamente em prol dos clamores do povo paulista. O exemplar de 15 páginas é encontrado no acervo digital do Museu do TJSP, juntamente com o inquérito policial de 23 de maio de 32. Habitualmente, o inquérito se encontra em exposição no Palacete Conde de Sarzedas, sede do Museu, que conta com mostras virtuais e presenciais, além de visitas monitoradas previamente agendadas.
Por meio da exposição virtual Revolução 1932, a instituição permite acesso à memória do conflito, mesmo para quem está longe. Com materiais especialmente adaptados para divulgação em redes sociais, os cinco álbuns da mostra oferecem um panorama completo do movimento e seu contexto. 
 
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Durante manifestação realizada em 23 de maio de 32 foram mortos os jovens Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga – o último, ferido na ocasião e falecido em agosto daquele ano –, ocorrência da qual se originou a conhecida sigla MMDC, um dos símbolos do combate. Em 9 de julho de 1932 São Paulo começou a revolução, que durou 87 dias e contabilizou – oficialmente – 934 mortos, embora dados não oficiais reportem até 2,2 mil fatalidades.
A encenação realizada no Palácio da Justiça mergulhou no contexto pré-revolução, quando trabalhadores e estudantes se revoltaram contra atos autoritários do regime Vargas, como a revogação da Constituição de 1891 e o cancelamento das eleições. Os cartazes sustentados pelos jovens e as roupas que marcaram a época possibilitaram a imersão do público no centro da cidade de São Paulo em meio aos trágicos e revolucionários acontecimentos da primeira metade do século passado.
Ao final da Revolução, embora tenha se rendido, São Paulo não perdeu a batalha. Dois anos depois, o Brasil viveu a promulgação de uma nova Carta Magna, a Constituição Federal de 1934.

 

*Com informações do Museu do TJSP.
 
Não se fala em 32 sem relembrar Paulo Bomfim
 
Plagiando o ex-presidente do TJSP (biênio 2014/2015), desembargador José Renato Nalini, 9 de julho está irreversivelmente associada à figura de Paulo Bomfim. “Estivesse ainda entre nós, o inesquecível Paulo Bomfim, o último dentre os Príncipes da poesia brasileira, entoaria louvores como sempre fez, durante sua vida gloriosa, a enaltecer os brios paulistas. Ele indagava: “O que foi 32?” e respondia: “Foi a soma dos sonhos e o sacrifício de um povo, a confraternização de raças e condições sociais no batismo das trincheiras, o esforço da indústria, o desprendimento do comércio, a grandeza de uma causa, a generosidade dos moços, a participação dos cabelos brancos, o entusiasmo das crianças, a força que vem da mulher da terra paulista, o verbo dos poetas e dos tribunos, dos jornalistas e dos sacerdotes, a sacralidade da lei, o fuzil ao lado do livro, a trincheira continuação da escola, a caserna dependência do lar e o campo de batalha sementeira da justiça”.
 
Onde estais com vossos ponchos,
Os fuzis sem munição,
Os capacetes de aço,
Os trilhos do trem blindado,
O lema de nossas vidas,
A saga de vossos passos,
Ó jovens de 32!
Em que ossário vossa audácia
Fala aos que dormem por fuga,
Em que campo vossa morte
Clama aos que morrem em vida,
Em que luta vosso luto
Amortalha os tempos novos
Ó jovens de 32!
Voltai daquelas trincheiras,
Voltai de vosso martírio.
Voltai com vossos ideais,
Voltai com o sangue que destes,
Voltai com os brios de Julho,
Voltai ao chão ocupado,
Voltai à casa esquecida,
Voltai à terra traída,
Voltai, apenas voltai,
Ó jovens de 32!
 
Os Jovens de 32 – Paulo Bomfim

 

N.R.: Texto originalmente publicado no DJE de 5/7/23

 
Comunicação Social TJSP – BC (texto) / PS e KS (fotos) / LF (arte) 
 
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