O velho e conhecido Diário Oficial não passou dos 77 anos. Quando atingiu essa idade perdeu a vez para a modernidade. O Judiciário paulista, adepto da sustentabilidade, buscou a rapidez, a segurança, o conforto e a eficiência dos meios eletrônicos. Hoje, essa versão atinge sua milésima edição. Morreu o jornal impresso e o eletrônico veio para ficar.         

        O Diário da Justiça Eletrônica (DJE) completa hoje (22) sua milésima edição. Desde o dia 1º de outubro de 2007, a versão em papel, com suas letras minúsculas foi totalmente extinta. Com a versão eletrônica, até o momento, o Tribunal já economizou cerca de R$ 20 milhões. 
        A economia não para aí: o diário eletrônico colabora de forma extraordinária com o meio ambiente, pois para cada edição impressa eram utilizadas aproximadamente 17 toneladas de papel na publicação de 10 mil exemplares diários. Para entender a dimensão, colocando essas folhas impressas lado a lado corresponderia a 76 quilômetros de extensão - percurso que até bom maratonista teria dificuldade em completar. Isso equivale também a 340 árvores que eram derrubadas, de acordo com os dados da ONG Ambiente Brasil que afirma que cada 50 kg de papel equivale a uma árvore. Anualmente, eram gastos em torno de R$ 5 milhões.
        Levando-se em conta esses dados, ao completar mil edições, já foram economizadas 17 mil toneladas de papel e 340 mil árvores não precisaram dar suas vidas na produção de celulose. Se fossem colocadas as folhas impressas lado a lado resultaria a distância de 76 mil quilômetros, ou seja, daria para ir e voltar da Comarca de Rosana mais de 50 vezes, sabendo-se que esse fórum é o mais distante da Capital, pois 755 quilômetros o separa da sede do Poder Judiciário.
        Os mais antigos se recordam das muitas toneladas de papel que vinham a São Paulo para encher as páginas do Diário Oficial. No prédio da Imprensa Oficial peruas kombis brigavam por uma vaguinha para o desembarque das laudas. No interior do edifício, um salão enorme era palco de cena bizarra: muitos e muitos funcionários a "pestapar"(*) laudas e apagar assinaturas que chegavam com elas. Nem sempre o trabalho ficava perfeito. Até chegarem na 'Imesp', como era mais conhecida a Imprensa Oficial, as matérias de primeira instância levavam de dois a três dias entre o envio, a publicação e o recebimento do jornal. Não raro esse período extrapolava a semana. Hoje, os textos são disponibilizados no site já na próxima edição do jornal.
        Com a implantação do DJE houve alteração em toda a malha logística. Os diferentes recursos empregados na elaboração do jornal em papel deixaram de existir. Isso permitiu o aproveitamento e o remanejamento dos recursos humanos em outras funções. A publicação eletrônica promoveu, também, a celeridade do processo e proporcionou mais transparência ao disponibilizar suas publicações na internet para acesso livre e gratuito. Diariamente são recebidos 3.600 arquivos para serem publicados.  

        Funeral do papel - Para entrar na ativa, o DJE foi implantado e ficou por cerca de um ano em aperfeiçoamento. Depois, conviveu com a versão impressa em seus primeiros 30 dias de existência. A partir de então o impresso foi extinto gradativamente e desde 1º de outubro de 2007 vive na versão eletrônica. O Diário Oficial encerrou sua versão impressa na 183º edição daquele ano, completando 77 anos de funcionamento.
        A implantação do DJE está em conformidade com a Lei Federal 11.419, de 19 de dezembro de 2006, como órgão de comunicação oficial, publicação e divulgação dos atos processuais e administrativos do Poder Judiciário de São Paulo.
        Os cadernos podem ser lidos na íntegra ou através da busca avançada, onde o usuário digita palavras-chaves, ou o período, e pronto: o próprio sistema faz a busca nas 13 mil páginas de jornal. Para a visualização do DJE, o sistema possui código aberto, acessível ininterruptamente pela internet, apenas sendo necessária a instalação de qualquer navegador de internet e um visualizador PDF. A publicação atende aos requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil.
        O Diário de Justiça Eletrônico, dividido em cinco cadernos, pode ser acessado pelo site www.dje.tjsp.jus.br. Os prazos processuais são contados a partir do primeiro dia útil seguinte ao da publicação.

        • caderno 1 - Administrativo 
        • caderno 2 - Judicial - 2ª instância 
        • caderno 3 - Judicial - 1ª instância - capital 
        • caderno 4 - Judicial - 1ª instância - interior – Parte I
        • caderno 4 - Judicial - 1ª instância - interior – Parte II
        • caderno 4 - Judicial - 1ª instância - interior – Parte III
        • caderno 5 - Editais e leilões

        * Em tempo: "pestapar" - past up consistia em colar, com cola de benzina (depois a cola de bastão, o que já foi uma revolução), as lâminas de texto com o serviço de fotocomposição nas colunas previamente definidas pelo projeto gráfico do jornal.         

        Assessoria de Imprensa do TJSP – LV (texto) / AC (foto)
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