As palavras por trás da máquina

Conheça o trabalho dos estenotipistas do Tribunal de Justiça de São Paulo e as curiosidades dessa profissão que dá agilidade a milhares de audiências realizadas em todo Estado

 

        No mês passado Santo André foi palco de um dos julgamentos mais comentados do país: o de Lindemberg Alves Fernandes, condenado, entre outros crimes, pela morte de sua ex-namorada, Eloá Pimentel. O júri durou quatro dias e, ao final dos trabalhos, era visível o cansaço em todas as pessoas que dele participaram.

        Mas o quadro poderia ter sido pior, não fosse o trabalho das estenotipistas do Tribunal de Justiça de São Paulo. Sem elas, o julgamento se arrastaria por cerca de 10 dias. Isso porque, o uso da estenotipia reduz em 2/3 o tempo da coleta de depoimentos.

        Rosemeire Gastaldo, estenotipista e escrevente-chefe da Vara do Júri de Santo André, foi uma das profissionais que participou do julgamento. Há 20 anos ela é funcionária do TJSP e garante que, apesar da grande repercussão do caso, para a estenotipia o julgamento foi bastante tranquilo. “Houve um revezamento com mais quatro servidoras, que vieram dos Núcleos de Estenotipia de Santo André e São Paulo. Para nós, é difícil quando a pessoa fala muito rápido ou não tem uma boa dicção, o que não aconteceu”, comenta Rosemeire.

        O resultado do trabalho rendeu uma transcrição com 90% de acertos. Mas o que isso significa?

 


        Como funciona - 
O estenotipista digita os depoimentos em uma máquina (estenótipo) com 20 teclas, que, combinadas, formam letras e palavras. Tudo fica registrado em uma tira, que será usada se houver algum problema com a memória do equipamento, porque ao conectar a máquina no computador, os depoimentos são automaticamentetransformados em texto.

        E é aí que entra o índice acertos – no caso do júri em Santo André, de 90%. Nem todos os vocábulos digitados estão inseridos no programa, como algumas gírias e nomes próprios. Mas isso não significa que houve erros na coletados depoimentos, e sim, que essas palavras precisaram ser corrigidas ou acrescentadas pela estenotipista. Por esse motivo é praticamente impossível um profissional atingir o índice de 100%.

 

        Quero ser estenotipista - O TJSP abre a todos osescreventes a oportunidade de ser um estenotipista. São realizados cursos pelo Centro de Treinamento e Desenvolvimento de Estenotipia (CTDE) que duram seis meses. O funcionário é afastado de suas funções – fica à disposição da Presidência do TJSP – e frequenta o curso de segunda a sexta-feira das 13 às 18 horas. Ao final, os aprovados recebem seu estenótipo,fazem estágio e estão aptos a trabalhar.

        Mas a tarefa não é fácil, pois, dizem os especialistas, é preciso muito treinamento e talvez uma certa habilidade, uma espécie de dom para ter tão boa memória e reflexos rápidos. “Muitas pessoas que se inscrevem no curso ficamabaladas quando são reprovadas. Há quem chore e se sinta envergonhado por retornar para o trabalho e dizer aos colegas que não conseguiu. Mas não há nenhum demérito nisso. Cada pessoa tem sua aptidão”, diz Walter Magalhães, coordenador do CTDE.

        Em geral os cursos recebem 220 inscrições e cerca de 30 pessoas são aprovadas, que passam a receber um adicional no salário para exercer a função. Depois de iniciada a carreira, o estenotipista precisa enviar regularmente ao CTDE um relatório de suas atividades e deve atingir no mínimo 120 laudas por mês.

        Atualmente há um curso em andamento na capital e em breve serão abertas inscrições para outro módulo na região de Bauru. Os escreventes interessados que quiserem mais informações podem entrar em contato com o CTDE pelo telefone (11) 3227-5311.

 


        Números e curiosidades:


        743.231 -
foi o total de laudas de transcrição de estenotipia em 2011

        65.997 - foi o total de audiências que utilizaram o método em 2011

        99% - foi o índice de acertos da estenotipia no julgamento do casal Nardoni

        25 - é o número de dias que duraria o julgamento do cel. Ubiratan, no caso Carandiru, sem a estenotipia. Com ela, durou 10 dias

        1.000 - é o número aproximado de códigos que o estenotipista precisa decorar

        300 mil - é a quantidade de vocábulos que alguns estenotipistas incluíram em seu dicionário técnico

        381 - é o número de estenotipistas no Estado

        437 - é o número de estenotipistas que o TJSP pretende atingir ao final do ano

        Texto originalmente publicado no DJE na data de hoje (7/3/12).
         
        Comunicação Social TJSP – CA (texto) / AC (foto) / SG (layout)
        imprensatjs@tjsp.jus.br

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