Na comemoração dos 124 anos da abolição da escravidão, Judiciário é agraciado com Medalha do Mérito Cívico Afro-Brasileiro
Presidente do STF e do TJSP estavam entre os homenageados
Com a presença da jornalista Dulcinéia Novaes, que veio de Curitiba para prestigiar a cerimônia, dez personalidades receberam ontem (28), no foyer do Auditório Simón Bolívar do Memorial da América Latina, a Medalha Mérito Cívico Afro-Brasileiro 2012, promovida pela ONG Afrobras e pela Faculdade Zumbi dos Palmares. Recepcionados pelo anfitrião reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, que também integra o Conselho de Curadores da Fundação Memorial da América Latina, homenageados e convidados foram agraciados com a apresentação do Coral da Faculdade Zumbi dos Palmares entoando o Hino Nacional.
Sob o lema de que ‘sem educação não há liberdade’ e ao som do poema ‘Navio Negreiro’, de Castro Alves, a comunidade afro-brasileira dividiu com jornalistas, fotógrafos e convidados a ânsia de defesa de liberdade para que todas as pessoas sejam respeitadas em sua integralidade. Segundo José Vicente, a cerimônia simples era para agradecer os que dão ao negro a oportunidade de acessar o mundo do conhecimento e o ingresso no mercado de trabalho. “São pessoas que têm ajudado a fazer grandes transformações em nosso país”, disse, referindo-se aos homenageados.
Entre os eles estavam a desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Luislinda Valois Santos; o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto; o diretor de Comunicação Social da Mercedez Benz, Diniz Yamamuro; o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo, Luiz Flávio Borges D´Urso; a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori; o ex-governador e secretário dos Negócios Jurídicos do Município de São Paulo, Cláudio Lembo; o embaixador da República de Angola, Nelson Manuel Cosme; o governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin e o presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Carlos Ayres Britto.
Segundo o presidente Ivan Sartori, “temos um débito muito grande com a comunidade afro-brasileira e lamentamos profundamente tudo o que esse povo passou. Contem comigo para essa causa justa, essa causa cidadã.”
O ministro Ayres Britto, também homenageado com a leitura de seu poema ‘Deus Poeta’, referiu-se a cada um dos agraciados. Sobre o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo disse ser o “amigo que muito me ajuda nessa travessia de afirmação do Judiciário brasileiro. Homem de ação, a quem agradeço essa convivência“. Ao se referir à comenda citou Tobias Barreto: “quando o coração se dilata, o âmbito da razão se contrai”. Aryes Britto falou também sobre a decisão do STF que, por unanimidade, validou no final de abril, a adoção de políticas de reserva de vagas para garantir o acesso de negros e índios a instituições de ensino superior em todo o país. O tribunal decidiu que as políticas de cotas raciais nas universidades estão de acordo com a Constituição e são necessárias para corrigir o histórico de discriminação racial no Brasil. O ministro encerrou citando Fernando Pessoa: “Não sou nada. Nunca serei nada, não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
À solenidade estiveram presentes, entre outras, várias personalidades como o ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves; ex-ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo; ex-ministro do Esporte, Orlando Silva; jornalista da Istoé Dinheiro, Rosenildo Ferreira; comendadora e conselheira da Afrobras, Marisa Moura; diretora da Faculdade Zumbi dos Palmares, Francisca Rodrigues; professor doutor Hédio Silva Júnior; secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania, Eloisa de Sousa Arruda; professor Fábio Konder Comparato; embaixador da República de Angola, Nelson Cosme; governador da Província de Luanda, Bento Joaquim Sebastião Francisco, estes últimos se manifestaram pela perda de uma jovem angolana (morta a tiro e outros três estudantes, também angolanos, ficaram feridos na última semana, depois de discussão com dois brasileiros em um bar de São Paulo).
Sobre a Medalha do Mérito Cívico Afro-Brasileiro – Realização da Afrobras e da Faculdade Zumbi dos Palmares tem como finalidade agraciar pessoas físicas e/ou jurídicas que tenham contribuído direta ou indiretamente com os valores do respeito à diferença, tolerância e igualdade de oportunidades, contribuindo para a elevação moral, social e inserção socioeconômica, cultural e educacional dos negros brasileiros. A medalha é composta de uma esfera circular, tendo em relevo a efígie de Zumbi dos Palmares, sob o fundo do mapa da rota dos escravos.
Comunicação Social TJSP – RS (texto) / DS (fotos)
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