Jornalistas participam do encontro "O Juiz e a Imprensa" na EPM

Jornalistas participam do encontro "O Juiz e a Imprensa"


Foi realizado no último dia 27/06, na Escola Paulista da Magistratura, o seminário "O Juiz e a Imprensa", com a participação dos jornalistas Luís Nassif e Frederico Vasconcelos, ambos do jornal "Folha de São Paulo", além dos desembargadores Régis de Castilho Barbosa, Antonio Carlos Villen, Caetano Lagrasta Neto e Teresa Cristina Motta Ramos Marques.

O evento fez parte do Curso de Iniciação Funcional para os juízes aprovados no 176º Concurso de Ingresso na Magistratura. O encontro foi aberto pelo desembargador Antônio Carlos Villen, que citou o lançamento do livro "Juízes no Banco dos Réus", de autoria de Frederico Vasconcelos, demonstrando, assim, a familiaridade do jornalista com o Judiciário.

Na seqüência, foi passada a palavra para Luís Nassif, autor do livro "Jornalismo nos Anos 90", no qual são relatadas algumas reportagens que tiveram estreita relação com o Poder Judiciário. Ele iniciou sua palestra relembrando casos onde houve um verdadeiro "linchamento moral" feito pelos órgãos de imprensa. Nassif citou o episódio da Escola Base, para exemplificar a falta de maturidade e de um levantamento mais criterioso das informações por parte dos jornalistas, antes da divulgação da notícia. Ou seja, faltou a observação do contraditório, de ouvir o outro lado.

Nassif afirmou que, a partir dos anos 90, com a consolidação democrática, a grande imprensa ganhou um maior poder de fogo, mas, ao mesmo tempo, tem se mostrado, muitas vezes, mal preparada para fazer uso dessa força, divulgando fatos sem a devida checagem das informações recebidas. Ele fez ainda uma comparação entre juízes e jornalistas quanto à necessidade de se tomar decisões com base na subjetividade, embora, ressaltando que o juiz tem a lei como parâmetro para decidir e um tempo maior para isso, enquanto o jornalista precisa decidir rapidamente, pois como ele mesmo disse, "a notícia amanhã já está velha".

Em seguida, falou o jornalista Frederico Vasconcelos, que há seis anos realiza a cobertura jornalística do Poder Judiciário, especialmente no âmbito da Justiça Federal, e vive seu dia-a-dia profissional entre dois pólos: a pressão do jornal por notícias novas e o fato de precisar se aprofundar no assunto. Lembrou também dos obstáculos que a maioria dos jornalistas encontra para cobrir o Poder Judiciário, ao contrário do que acontece em relação aos outros dois Poderes – Legislativo e Executivo. Ele revelou que muitas dessas barreiras acontecem porque o jornalista tem pouca ou nenhuma noção de que o juiz é um servidor público. Outra questão que Vasconcelos tem observado durante esse tempo em que convive com o Judiciário é a dificuldade que os jornalistas têm para estabelecer o limite entre "o que é interesse público e a preservação da privacidade".

Na opinião de Frederico, o que talvez poderia melhorar o relacionamento entre Imprensa e Judiciário é o conhecimento mútuo das atividades de um e de outro. Ao final do encontro, houve um consenso entre os participantes sobre a necessidade de um amadurecimento nas relações entre o Judiciário e a Imprensa.

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