CIJ realiza videoconferência especial sobre Justiça Restaurativa

Psicóloga Denise Gimenez Ramos falou sobre Trauma Vicariante.

 

        A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de São Paulo  promoveu, na última sexta-feira (23), no auditório do Gade 23 de Maio, a videoconferência especial  Trauma Vicariante e os Dilemas da Compaixão, com a psicóloga Denise Gimenez Ramos. O evento foi direcionado a magistrados, servidores e profissionais da Rede de Garantia de Direitos de diversas comarcas paulista e de outros Estados, como Espírito Santo, Fortaleza, Santa Catarina, Rio de Janeiro e o Distrito Federal. Ao todo, foram 440 inscritos pelas modalidades presencial e a distância. O encontro faz parte da Semana Restaurativa, que acontece no mundo todo, e teve o objetivo de compartilhar conhecimento sobre a temática do trauma em profissionais que trabalham com vítimas ou que atuam como cuidadores.

        O juiz responsável pelos trabalhos do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do TJSP, Egberto de Almeida Penido, fez a abertura do evento e apresentou a palestrante. Denise Ramos é doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), integrante da Academia Paulista de Psicologia, professora titular e coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP. O magistrado também ressaltou a importância de se falar sobre trauma. “Nessa trajetória da Justiça Restaurativa, que aborda um processo humanizante, temos visto que muitos gestores, facilitadores e cuidadores que estão envolvidos acabam se desumanizando por vários motivos”, disse. Nesse sentido, o juiz frisou a inovação da palestra na busca por uma interface interdisciplinar, trazendo outras ciências, conhecimentos e saberes “para contribuir nesse desafio imenso que é fazer Justiça”.

        A assistente social Andrea Svicero, supervisora do Serviço de Justiça Restaurativa da CIJ, explicou que um dos objetivos do encontro é lembrar aos envolvidos no trabalho da Justiça Restaurativa que eles também precisam se cuidar. “Tenho visto situações de sofrimento, porque os profissionais lidam com muitas dores. O nosso intuito é pensar em como podemos nos fortalecer para continuarmos trabalhando”, afirmou.

        Denise Ramos compartilhou ideias e apresentou um panorama sobre as diferentes formas de manifestação e sintomas do trauma. Segundo a psicóloga, são quatro tipos: Trauma no Desenvolvimento ou Trauma Complexo, que decorre de situações negativas e crônicas durante a infância e adolescência; Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), consequente de guerra, tortura, estupro, assaltos, desastres naturais, acidentes, entre outros; Trauma Intergeracional, que acomete familiares de vítimas do holocausto, da escravidão e de genocídios; e Trauma Vicariante, decorrente da exposição a histórias traumáticas de outras pessoas.

        A palestrante explicou que no trauma vicariante, lidar tão frequentemente com situações de intenso impacto emocional negativo podem levar o próprio profissional a experimentar situações traumáticas, com respostas fisiológicas e tensões emocionais fora do comum. Quem cuida às vezes não considera seus pontos de fragilidade e vai em frente heroicamente, pois acha que aguentar faz parte da profissão”, disse. Segundo a psicóloga, muitos profissionais idealizam que vão salvar a vida do outro e resolver tudo. “É preciso saber onde parar, ter limite. Solidariedade não é sofrer junto”, afirmou. Ela explicou que muitos não percebem o quanto foram afetados até que os sintomas começam a aparecer, como insensibilidade, depressão, dores crônicas, ataques de pânico, insônia, desesperança, ansiedade, fadiga crônica, sentimento de impotência. 

        Em seguida, Denise Ramos destacou a importância de não levar “a problemática do outro para casa”. Segundo ela, para cuidar do outro é preciso, antes, cuidar de si mesmo. E encerrou: “Quando focamos em nós não estamos abandonando nossa missão, mas é com compaixão por nós que seremos mais eficientes e evitaremos a fadiga”.

        Ao final do encontro, dois livros foram sorteados entre os presentes e os participantes puderam tirar dúvidas com a especialista.

 

        Comunicação Social TJSP – VV (texto) / KS (fotos)

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