Fórum debate estratégias de inovação e aperfeiçoamento dos serviços
Encontro nacional pioneiro foi sediado pelo TJSP.
Cinco tribunais se uniram para pensar e realizar um evento de grande porte, com representatividade nacional, sobre um tema que é pouco discutido no Poder Judiciário, mas que ganha proporções maiores diante dos crescentes desafios orçamentários e de aumento de produtividade. Esse foi o I Fórum de Governança e Gestão de Pessoas do Poder Judiciário, realizado em 24 e 25/10 no auditório do Prédio dos Gabinetes de Trabalho dos Desembargadores da Seção de Direito Público do TJSP (Gade MMDC), na Capital.
O evento pioneiro foi prestigiado por cerca de 200 pessoas, entre magistrados e servidores dos Tribunais de Justiça Estadual, Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho de todo o Brasil. “Discutimos a construção de um novo modelo de governança corporativa, todos motivados não apenas no aprimoramento das nossas atividades, como também – e principalmente – na inovação e na introdução de mudanças necessárias em busca do aperfeiçoamento dos serviços prestados ao cidadão”, disse o desembargador Álvaro Torres Júnior, coordenador do Comitê Gestor Local de Gestão de Pessoas do TJSP.
Foram 13 atividades no total, entre palestras, mesas de debates e apresentações de melhores práticas conduzidas por integrantes dos poderes públicos, especialistas e pesquisadores do tema, ao longo de 18 horas nos dois dias de conferência. Além das exposições, foi disponibilizada no salão de entrada a Árvore do Conhecimento, um painel colaborativo no qual os participantes fixaram sugestões de projetos, melhorias contínuas e inovações para o compartilhamento de experiências em suas áreas de atuação.
Em pauta, casos de sucesso de mudanças promovidas por laboratórios de inovação; resultados positivos de produtividade e qualidade de vida relacionados à adoção de teletrabalho; ferramentas de dimensionamento da força de trabalho a partir de métodos científicos matemática e estatisticamente embasados; estudos relacionados à capacitação técnica e desenvolvimento de habilidades gerenciais; desafios de cada tribunal na aplicação da Lotação Paradigma (Resolução CNJ n° 219/16); e, ainda, abordagens contemporâneas de inovação, como Design Thinking, e de desenvolvimento pessoal, como Coaching e Mentoring.
No encerramento, o desembargador Carlos Eduardo Pachi, integrante do Comitê Gestor Local de Gestão de Pessoas do TJSP, considerou que foi dado o primeiro grande passo para o Judiciário implementar práticas consagradas de governança e gestão. “O serviço público é colocado, muitas vezes, como culpado pelas crises do País. Mas ficou evidente que a intenção de todos que estão aqui é melhorar a prestação jurisdicional. Destaco que a questão paradigma em termos de lotação das unidades cartorárias, debatida no evento, mostra como já estamos agindo no sentido de melhorar a gestão para uma maior eficiência dos serviços”, disse.
A organização – uma parceria do TJSP com o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3), Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região (TRT 2) e Tribunal de Justiça Militar de São Paulo – confirmou para novembro de 2020 a realização da segunda edição do Fórum de Governança e Gestão de Pessoas do Poder Judiciário, em Salvador, Bahia.
Confira trechos das palestras:
“O fundamental é conhecer e dialogar com as pessoas, ouvir todos os escalões, para tomar decisões. Precisamos vencer desafios, como planejamento deficiente ou inexistente, indicadores de má qualidade ou falhos, falta de gestão de riscos e de coordenação e integração em boa parte do País. É com base nisso que estamos fazendo um projeto para melhorar o Brasil a partir da transversabilidade entre Estados, municípios e União, esse é o desafio”
Ministro Augusto Nardes, Tribunal de Contas da União (TCU)
“O teletrabalho, em condições aplicáveis, comprovadamente melhora o alcance de metas, diminui passivos e contribui para a eficiência organizacional. O trabalho remoto é especialmente elogiado por aqueles que executam tarefas cognitivamente complexas, que precisam de concentração, silêncio e fluxo de pensamento contínuo. Também em ambientes com relacionamentos pouco suportivos, com o clima lá embaixo, o teletrabalho pode diminuir os conflitos interpessoais.”
Profª. dra. Gardênia da Silva Abbad, Universidade de Brasília (UNB)
“De uma instituição com 44 mil servidores há dois anos, devemos diminuir, entre os vários cálculos, para 35 mil no quadro ativo e passar a ter 26 mil inativos. Para que esse ‘boom’ de aposentadorias previsto não prejudique nossa produtividade, utilizamos um conjunto de ferramentas de Gestão de Pessoas para conseguirmos manter unidades em funcionamento e analisarmos possibilidades de obter resultados diferenciados, mas com atenção à qualidade de vida dos servidores.”
Secretária Patrícia Maria Landi, Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP) do TJSP
“A gente só inova quando consegue gerar valor para as pessoas, quando a nossa criatividade é colocada em prática e isso impacta efetivamente a vida das pessoas. O Design Thinking é uma abordagem de inovação e criatividade por meio de colaboração e cocriação, que envolve etapas como compreender o problema, projetar soluções, prototipar ideias e, então, implementar a melhor opção. Apenas uma boa ideia não é inovação.”
Profª. dra. Carolina Costa Cavalcanti, Fundação Dom Cabral (FDC)
“A causa de todas as mudanças que vemos – tanto em governança, quanto em gestão de pessoas – provém basicamente da sociedade da informação, da tecnologia, inteligência artificial e robotização. E isso demanda equipes multidisciplinares, com diversas especialidades e habilidades, e busca continuada da inovação. Nunca antes o mundo se viu obrigado a trabalhar em equipe como hoje. É impossível conseguir atingir objetivos e metas sozinho.”
Ugo Barbieri, sócio da Taplow Brasil Consultores
“Quanto mais os processos eletrônicos e o desenvolvimento tecnológico chegam, mais sentimos a necessidade de desenvolver novas habilidades e competências. O Judiciário está sendo, assim como todo o setor público, premido a olhar para si para trazer mudanças e transformações na sua força de trabalho e no formato de trabalhar para acompanhar as espirais de inovação e, assim, prestarmos um bom serviço. Se não formos permeáveis à mudança, estaremos fadados à deslegitimidade.”
Juíza federal Luciana Ortiz Tavares Costa Zanini, TRF 3
“O Dimensionamento da Força de Trabalho (DFT) possibilita criar uma estimativa do quantitativo ótimo de pessoal – a partir de um método científico estatístico – para determinar o número de pessoas apropriado para um conjunto de desafios. Olhamos para aquilo que as pessoas fazem, o que deveriam fazer, com foco nas diretrizes estratégicas de uma organização, objetivos, metas, indicadores de desempenho, do ponto de vista social, econômico-financeiro, processual e outros parâmetros.”
Prof. dr. Pedro Paulo Murce Meneses Cavalcante, Universidade de Brasília (UNB)
“É importante assegurar ao servidor qual é o perfil de competência esperado dele. Não adianta fazer um excelente projeto na área de Gestão de Pessoas, definir as competências, mas isso não ser comunicado a todos, sem que eles saibam o que se espera deles. Também temos de levar para as organizações a ideia de projeto futuro, pois quando as pessoas se sentem sem futuro, elas não produzem mais, ficam desmotivadas.”
Profª. dra. Maria Rita Gramigna, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
“Os desafios para gerenciar pessoas no mundo 4.0 são enormes e, a cada dia que passa, a liderança tem de ficar mais horizontal. Nesse sentido, os líderes precisam engajar os funcionários como seus pares, porque se não há ninguém abaixo, é preciso que haja cooperação. Assim, criamos o engajamento pela retribuição para evitar gargalos entre o início e o fim das atividades.”
Gisele Gengo, fundadora da Mentoring4You
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*Para acessar as apresentações editadas do evento, clique aqui.
N.R.: texto originalmente publicado no DJE de 30/10/19.
Comunicação Social TJSP – AL (texto) / KS e PS (fotos) / JT (arte)
