Judiciário paulista celebra Dia da Memória com lançamento da última gravação do poeta Paulo Bomfim

Presidente Pinheiro Franco retrata o amigo.

“Meu Pai deixou-me um legado dos mais significativos. Transmitiu a mim seus melhores sentimentos, dentre eles o de respeito, o de admiração, o de estima, o de lealdade aos Amigos. E mais, no caso de Paulo Bomfim, mercê de Deus, conseguiu materializar e transportar de sua alma à minha a própria Amizade cultivada por décadas.

  Como poderia eu, não fosse o sentimento de amizade profunda e reverência a Paulo Bomfim, pretender falar-lhe à Alma, agora ao pé de Deus Pai Todo Poderoso.

Uma oração à memória de um poeta representa, para mim, verdadeira e severa perturbação, tamanha a responsabilidade da mera intenção. Mas não estou a escrever apenas sobre um poeta. Pronuncio-me sobre o Príncipe dos Poetas Brasileiros, o Acadêmico Imortal, o Jornalista, o escritor de “Antonio Triste” (que conferiu a Paulo, já em 1948, prêmio da Academia Brasileira de Letras), um Intelectual de fina estirpe, um Paulista da mais alta linhagem.

Paulo Bomfim não precisa ser apresentado, mas será sempre reverenciado. E para quem ama a Corte Paulista, é preciso lembrar, sempre, sua contribuição, com relevo, para o prestígio do Poder Judiciário e seu concurso decisivo para elevar em dignidade a Instituição.

A imagem da Justiça é o reflexo das figuras humanas que a cultuam. É o reflexo do amor, do idealismo e do sacrifício pessoal daqueles que a dignificam, na defesa da Majestade do Poder Judiciário, de que depende a aplicação do direito e a defesa dos direitos fundamentais do homem. Esse apenas um dos espectros, um dos feixes de energia radiante que materializam Paulo Bomfim.

Quando Paulo recebeu o Colar do Mérito Judiciário Penal no Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, destaquei que a láurea corporificava em seu frio metal a linguagem muda do bem, a essência da nacionalidade e cidadania, a paixão pelo justo, o amor fecundo pelo destino da Pátria, a emoção dos sonhos e esperanças, a lágrima pelo irmão desamparado, a solidariedade, a altivez e o desassombro dos Paulistas. Em uma só palavra, a Fé!

Destaquei ser um símbolo a representar sentimentos, os mais puros, inscritos para além dos tempos. Sua outorga buscou manter as antigas tradições de nossa Justiça, tais como hoje se mantém e haverão de se manter enquanto São Paulo for São Paulo. E o respeito por um dos mais destacados membros do Judiciário.

Muitos devotaram amor ao Poder Judiciário, elevando-o. Mas ninguém o fez com a força, com o sentimento, com a paixão, com o espírito, com a consciência de Paulo Bomfim, cuja vida esteve intrinsecamente ligada a todos nós. E esse amor devotado por ele não tinha pretensões, nem interesses (daí sua pureza), senão o prestígio da Instituição, que abraçou à primeira hora, décadas atrás. E sua presença diuturna, sua fala alegre e tranquila, seu olhar cativante, sempre chegaram a nós como bálsamo destinado a atenuar a dor da miséria humana trazida diariamente a uma Corte, notadamente a criminal.

A mera invocação do nome de Paulo Bomfim traz a lume a visão do Poeta e do colaborador e defensor incansável da Magistratura.

Por essas razões é que todos devem um tributo de honra àquele que muito dignificou a magistratura e que mereceu de todos o Amor, a veneração, o profundo respeito, a admiração tributados pelos Juízes Paulistas em todos os tempos.

Aquele velho Amigo, caríssimo Paulo, Nelson Pinheiro Franco, hoje ao seu lado, e este já entrado no tempo, continuam a aplaudi-lo por sua linda trajetória.

Este é o Paulo juiz, para quem expresso meus sentimentos, ainda que na simplicidade dessas breves palavras. Do Paulo poeta, homem, esposo, pai e filho muitos falaram e falarão para o todo sempre.”

 

Geraldo Francisco Pinheiro Franco

 
O Poder Judiciário do Estado de São Paulo, ao longo de sua história, mistura-se à história do poeta Paulo Bomfim, que se transformou em palavras, como ele próprio, dizia em 7 de julho do último ano, aos 92 anos. Na Academia Paulista de Letras, à qual pertenceu por mais de meio século. cantou São Paulo e a história do povo bandeirante, Paulo Bomfim fez de sua vida uma trajetória repleta de amor, conhecimento e muitas e inesquecíveis narrativas. Para os que o conheciam no âmbito do Judiciário de São Paulo, local em que acompanhou gerações de magistrados, era simples e altivamente o “doutor Paulo”.
No dia 11 de abril, em uma tarde inesquecível para os que ali estavam, Paulo Bomfim entregou sua última contribuição para o Judiciário paulista: dois episódios que, mais do que a vida um brasileiro que viveu intensamente São Paulo, expressam a própria São Paulo. Quem com ele convivia sabia que estava avesso às entrevistas, mas de forma muito alegre aceitou participar do primeiro programa “Memórias da Justiça”, idealizado e realizado pelo Museu do TJSP, nessa ocasião sob a coordenação do desembargador Octavio Augusto Machado de Barros Filho, com a colaboração da Secretária da Presidência (SPr). No documentário ele canta, declama, ri, ensaia umas danças... mas sobretudo nos deixa a última imagem de um homem que amou a vida.
O doutor Paulo marcou o Judiciário de São Paulo. É autor dos hinos do TJSP e Associação Paulista de Magistrados (Apamagis). É o único a receber em vida uma sala no Palácio da Justiça com o nome de “Espaço Cultural Paulo Bomfim”.
Vale conferir: O documentário contou com a participação do jornalista Joseval Peixoto e do ex-presidente do TJSP, desembargador José Renato Nalini.

 

  Comunicação Social TJSP – RS (texto) / JT (arte) 
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