InspirAÇÕES: A partilha e o cuidado por meio da contação de histórias

Servidora realiza voluntariado com crianças e idosos.

 

O projeto InspirAÇÕES conta histórias de vida, habilidades, voluntariado, trabalho e curiosidades de servidores e magistrados que, de alguma forma, se destacam. Pode ser no esporte, em ações sociais, projetos ou mesmo na atividade no Tribunal. O nome foi escolhido em razão do significado do substantivo feminino ‘inspiração’: ato ou efeito de inspirar; algo ou alguém que inspira, que incita a capacidade de criação. Na segunda edição, conheça a trajetória de Andréa Maria Nogueira, servidora do TJSP há mais de 30 anos e que dedica parte de seu tempo como contadora de histórias voluntária.

 

  “Posso contar um segredo?
Um sonho, um querer de alma?
Peço permissão antes para perguntar,
antes do tempo passar, qual o seu desejo mais genuíno,
aquele que nem a si ousa contar?
Pode ser bobo, impossível, pueril...
Venha comigo compartilhar.
O meu?
Traga os melhores ouvidos que agora eu vou contar!”
            - Andréa Maria Nogueira

 

  Enquanto coleciona histórias e momentos vividos no Judiciário paulista, a servidora Andréa Maria Nogueira conta outras histórias: ajuda crianças internadas em hospital ou acolhidas em abrigos, idosos isolados na pandemia e quem mais desejar ouvir, a criarem marcas de afeto e partilha em suas jornadas. Ela doa um pouco do seu tempo, de sua voz e escuta.
A formação em Direito, as especializações na área e o sério trabalho na Corte paulista, não diminuíram o gosto pelos livros, contos e poesias. Filha de uma costureira que, para manter a disciplina e educação dos filhos, costumava contar histórias e levá-los à biblioteca, ela aprendeu cedo o encanto e o poder da contação de histórias.
Mas em 2004, quando o juiz Cláudio Bárbaro Vita – à época seu colega de trabalho no Tribunal –, compartilhou que a ONG Viva e deixe viver estava precisando de contadores de histórias para atuarem em hospitais, que começou essa jornada. “Fiz o processo de seleção e nunca mais parei. Quanto mais o tempo passava, mais eu gostava da atividade”, conta a servidora que, em 2006, fez uma especialização em educação lúdica para aprimorar o trabalho voluntário.
“Gosto da sonoridade das palavras, do olhar que ressignifica, da poesia e beleza do dia a dia, da simplicidade que transforma. Ser voluntária nas infindáveis frentes é reunir poesia, aprendizado, simplicidade e partilha”, reflete.
Além de contadora na instituição, Andrea também se voluntariou, em 2015, como guia para pessoas com deficiência visual no Grupo Terra. Com os participantes a escrevente realizava visitas mensais ou quinzenais em espaços culturais da cidade, realizando audiodescrição dos ambientes, obras e exposições.  Durante a realização das Viradas Culturais, por exemplo, nas quais o Museu do TJSP e o Palácio da Justiça sempre participaram, o Grupo Terra era presença garantida. Com o apoio da servidora, os visitantes com deficiência visual podiam desfrutar da descrição detalhada do acervo, da arquitetura e dos ambientes dos prédios históricos e exposições do acervo do Judiciário paulista.
Em março do ano passado, os projetos foram suspensos por conta da pandemia, mas para a contadora de histórias, o dramático contexto possibilitou a escrita de novos capítulos. Avessa à tecnologia, Andrea precisou se reinventar para continuar a desenvolver as ações sociais que tanto preza. Foi então que novas oportunidades surgiram e três projetos passaram a fazer parte da sua rotina de voluntariado que, com a imposição do isolamento social, descobriu que a magia de contar histórias pode transpor qualquer distância física com a ajuda da internet e da tecnologia.
Em uma parceria com o Ministério Público de Franca, ela passou a contar histórias on-line, uma vez por semana, para crianças e adolescentes de diversas instituições de acolhimento, em março do ano passado, já no início da pandemia. Em outubro do mesmo ano, passou a realizar a mediação de leitura no Observatório do Livro Galeno Amorim – Projeto 6.0, voltado para idosos que participam de biblioterapia, técnica que trata do cuidar por meio da leitura. Por último, Andréa criou, durante o período pandêmico, o projeto Há Malas, em que grava áudios com histórias adaptadas e os disponibiliza no Youtube e também para uma lista de transmissão do WhatsApp para ouvintes de todas as idades, sempre aos domingos. “Em tempos difíceis que temos vivido, a literatura e a magia dos livros infantis podem ajudar as pessoas a lidar com o luto, pois são contos que encantam a alma e transbordam no coração”, considerou. 
Das incontáveis experiências que marcaram o trabalho da voluntária, Andréa se lembra com carinho de uma criança internada com câncer. Quando ela começou a contar a história para a paciente, que estava acompanhada pela mãe naquele dia, percebeu que a criança dormiu. A mãe, ao notar a contadora desconcertada, sinalizou que ela continuasse. “Ao sair para o corredor, a mãe correu até mim e me abraçou. Enquanto chorava, ela me agradecia, contando que o filho não dormia há três dias pois estava com dores e sob efeito de fortes medicamentos. Ela disse que minha voz embalara o filho e, finalmente, ele conseguira dormir o sono que tanto desejava. São momentos assim que fazem tudo valer a pena”, relatou.
Ela destaca, no entanto, que o voluntariado traz consigo grande responsabilidade, principalmente para os que atuam no serviço público. “Nós servidores muitas vezes sofremos preconceito e até o voluntariado é visto como algo realizado porque ‘trabalhamos pouco e temos tempo de sobra’. Mas sabemos que isso não é verdade. Como servidora pública, tenho que ser ainda mais rigorosa com a atividade voluntária que realizo, para levar o bom nome da instituição na qual trabalho e mostrar que sempre é possível fazer alguma coisa pelo próximo.”

 

  InspirAÇÕES – O projeto destaca histórias de vida, habilidades, voluntariado, trabalho e curiosidades de servidores e magistrados que, de alguma forma, se destacam. Pessoas dedicadas, que, mesmo diante da pandemia e do trabalho remoto, seguem atuando para manter o maior Tribunal de Justiça do país em atividade, prestando atividade jurisdicional contínua. Eles são a força que move o Judiciário paulista. Para sugestão de personagem, envie e-mail para imprensatj@tjsp.jus.br.

 

Comunicação Social TJSP – TM (texto) / KS (foto)

imprensatj@tjsp.jus.br 

 

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