Magistrado trabalhou no TJSP por 56 anos.

Depois de 56 anos no Tribunal de Justiça de São Paulo, sendo 46 na Magistratura, o desembargador Carlos Augusto Lorenzetti Bueno participou, hoje (11), de sua última sessão de julgamento na 10ª Câmara Direito Criminal. “Sabia que o momento chegaria e tinha a certeza que pronunciaria esta frase: 'Saio com a consciência tranquila do dever cumprido com honra e dignidade. Entrei pela porta da frente, a mesma em que agora saio com a cabeça erguida'”, disse o magistrado.
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Mair Anafe, eleito presidente para o biênio 2022/2023, citou o colega como uma referência em todas as áreas, exemplo a servidores, juízes e desembargadores, amigo legal e pessoa “fantástica”. “O Carlos Bueno se despede com sentimento de dever cumprido pelo que fez e pelo exemplo que deixa”, declarou.
Pessoa generosa, caráter irrepreensível, homem simples e ponderado, assim o homenageado foi descrito pelo presidente da Seção de Direito Criminal, desembargador Guilherme Gonçalves Strenger, eleito vice-presidente para o biênio 2022/2023. “Nós sentiremos muita saudade do Carlos Bueno em vários aspectos. É merecedor de uma vida feliz e de todos os elogios dirigidos a ele”, afirmou.
Eleito corregedor-geral da Justiça para o biênio 2022-2023, o desembargador Fernando Antonio Torres Garcia afirmou que a admiração demonstrada não é somente retórica. “Foi um norte na minha carreira. Obrigado pelos seus 56 anos de serviços prestados ao Poder Judiciário de São Paulo. Leve meu abraço fraternal e minha gratidão”, finalizou.
O magistrado leu, ainda, mensagem enviada pelo presidente do TJSP, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, que enviou um abraço fraterno e reafirmou integralmente tudo o que foi dito na despedida do desembargador Carlos Bueno no Órgão Especial.
Rememorando o pai do homenageado, advogado Carlos Mihich Bueno, o advogado Alberto Zacharias Toron também elogiou o magistrado. “Além do legado intelectual de Vossa Excelência, que é enorme, há também a grandeza no trato com as pessoas. Queria dizer da emoção que sinto por saudá-lo em nome da Advocacia”, expressou.
O desembargador aposentado Eduardo Pereira Santos, que ocupou o cargo de presidente da Seção Criminal do TJSP no biênio 2008/2009, compareceu à sessão para homenagear o colega, “uma pessoa fora de série”, com quem trabalhou na 3ª Câmara de Direito Criminal. “Você veio nos encher de felicidade, engrandecer esse mundo e cumprir uma missão longa e impressionante. Você vai descobrir que há muito a fazer na aposentadoria também”, ponderou.
“Esta sessão, para mim, tem muito significado. É um orgulho me dirigir a tão grande magistrado”, falou o procurador de Justiça Saad Mazloum, representando o Ministério Público de São Paulo. “Quis o destino que não tivéssemos a oportunidade de nos conhecermos pessoalmente, à moda antiga. No entanto, mesmo que por meio da tecnologia, conheci mais que um magistrado espetacular, mas um exemplo de ser humano”, afirmou.
Na sequência, fizeram uso da palavra os colegas de Câmara do homenageado. “Quando entrei na carreira e passei a gostar do Direito Criminal, já escutava falar num juiz, o Carlos Bueno, tido como modelo”, contou o desembargador Fábio Monteiro Gouvêa. Para o desembargador Francisco José Galvão Bruno, eleito presidente da Seção de Direito Criminal para o biênio 2022/2023, o colega “é um mestre” e completou: “Não existe outro como você e não vai existir, não há como”.
Segundo o desembargador Waldir Sebastião de Nuevo Campos Júnior, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Carlos Bueno é um homem de talentos, “com capacidade, comprometimento e moral incomparáveis”. Finalizando as falas dos integrantes da 10ª Câmara, o juiz substituto em 2º grau Ulysses de Oliveira Gonçalves Junior disse que o colega deixa uma obra pronta para novos juízes, “com ensinamentos baseados em conhecimento técnico, humanismo, sensibilidade e lhaneza do trato”.
“É motivo de tristeza e alegria”, disse sobre a aposentadoria do colega a presidente da 10ª Câmara Direito Criminal, desembargadora Maria de Lourdes Rachid Vaz de Almeida. “Tristeza porque vamos perder o contato profissional. Alegria porque sabemos que ele aproveitará mais o convívio familiar”, completou. “Todos aprendemos com você esse espírito solidário e fraterno”, expressou ao final.
“Sinto-me orgulhoso, grato e muito feliz”, falou o homenageado, agradecendo aos colegas, amigos, familiares e servidores. “Neste dia, para mim fatídico, despeço-me de todos os meus queridos amigos do Tribunal de Justiça, em especial desta 10ª Câmara Criminal e da 9ª Câmara Criminal. Amo todos e continuem contando comigo em todas as oportunidades”, despediu-se.
Também prestigiaram a solenidade o juiz Eduardo Pereira Santos Junior, servidores, advogados e amigos do homenageado. Entre os familiares estiveram presentes os irmãos Carlos Alberto Lorenzetti Bueno e Maria Cecília Bueno de Almeida, a esposa Ana Maria Pustiglione Bueno, a filha Carolina Bueno Medeiros, o genro Flávio Medeiros da Cunha Júnior, as netas Manuela Bueno Medeiros e Olívia Bueno Medeiros e os cunhados Angela Maria Pustiglione e Luis Fernando Pustiglione.

Trajetória – Carlos Augusto Lorenzetti Bueno nasceu em São Paulo, em 1947. Graduou-se em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), turma de 1972. Foi funcionário do 1º Tribunal de Alçada Civil, no período de 1965 a 1975, antes de ingressar na Magistratura, em 1975, quando foi nomeado juiz substituto da 45ª Circunscrição Judiciária, com sede em Mogi das Cruzes. Atuou nas comarcas de Buritama, São Vicente,  e Capital. Em 1990, foi removido para o cargo de juiz substituto em 2º grau da Comarca de São Paulo. Chegou ao Tribunal de Alçada Criminal promovido pelo critério de merecimento em 1992 e tomou posse como desembargador em 2005. Dez anos depois, em 2015, tornou-se membro efetivo do Órgão Especial.

Comunicação Social TJSP – SB (texto) / PS (reprodução e arte)
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