Setor Psicossocial de Piracicaba comemora 10 anos

        A Comarca de Piracicaba comemorou, nesta quinta-feira (9/12), no salão do júri do fórum da cidade, dez anos de atendimento psicossocial a servidores e magistrados do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). 
        O serviço começou na capital paulista em março de 1995 e até o final de novembro, já computou 193.927 atendimentos em todo Estado. Funciona através do sigilo e da procura espontânea dos interessados. Auxilia na resolução de problemas de saúde mental e psicológica de funcionários e seus familiares, mas também presta atendimento em caráter preventivo. Hoje, o serviço já funciona em outras nove comarcas (Araçatuba, Marília, Ribeirão Preto, Piracicaba, Campinas, São José dos Campos, Bauru, Sorocaba e São José do Rio Preto).
        Em Piracicaba a solenidade teve início com a exposição das estatísticas de atendimentos apresentadas pelo juiz e coordenador do Serviço de Atendimento Psicossocial da cidade, Mauro Antonini. “No ano de 2010 foram realizados aqui 651 atendimentos na área de psicologia, 504 de serviço social e 102 de psiquiatria. Os números são expressivos. Seriam diversos servidores e familiares que, em outros tempos, ficariam sem a orientação adequada, com agravamento de seus problemas de saúde ou pessoais, queda de desempenho ou afastamento de trabalho. Por todos esses motivos é que estamos comemorando com júbilo o transcurso de 10 anos de atividade. Podemos dizer, em retrospectiva, que se trata de iniciativa que se consolidou com absoluto sucesso”, concluiu.
        Para o corregedor-geral de Justiça, desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares, fundador e presidente do Setor Psicossocial do TJSP, comemorar 10 anos é uma honra, mas também representa um grande marco. “Os avanços e as nove sedes existentes no Estado de São Paulo nos asseguram que estamos no caminho certo já que nesses anos as estatísticas totalizam quase 200 mil atendimentos.” Em suas palavras, Munhoz Soares enfatiza a importância da busca de um profissional especializado. “Precisamos corrigir condutas e com a ajuda de psicólogos é muito mais fácil. A sociedade se preocupa muitas vezes com a aparência e se esquece do substrato. O psicossocial presta auxílio a essa família, para orientação e enriquecimento de valores. Nenhum magistrado quer ter um funcionário com problemas de depressão ou familiar, que de certa forma contaminam o ambiente com tristeza. O Judiciário precisa transmitir um ambiente de confiança para a construção de um equilíbrio social”, ponderou.
        De uma forma reflexiva, o juiz assessor da corregedoria-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Marco Fábio Morsello, começou sua palestra sobre paradigma e perenidade da ética, abordando temas como a construção dos valores fundamentais e as condutas paradigmáticas. “A globalização leva a consequências corrosivas, como a perda de determinados nortes. Isso gera manifestações recentes como o interesse na performance e nos números. Mas atrás desses números existe um ser humano e esse sim é o grande paradigma da nossa carreira. Moral e direito agora são vasos comunicantes. A sociedade espera que o juiz tenha uma conduta exemplar. Isso impõe ao juiz uma responsabilidade fundamental. E é esse dever de conduta pessoal que nos coloca diante de alguns desafios.”
        A psicóloga e diretora técnica do serviço de atendimento psicossocial dos magistrados e funcionários do TJPS, Leila Josefina Rodrigues Viana, elaborou uma palestra para que os funcionários reflitam sobre os temas abordados (violência urbana, relações de trabalho, capacidade de sociabilidade e aprendizagem, quadros patológicos e programas oferecidos, entre outros) a fim de que o setor psicossocial continue desenvolvendo um trabalho sócio-educativo. 
        Para o juiz diretor do fórum, Wander Pereira Rossette, o serviço psicossocial é extremamente necessário e precisa ser mantido. “Nosso trabalho aqui é muni-lo de instrumentos necessários para que ele possa ser desenvolvido.”  A assistente social do Serviço de Atendimento Psicossocial de São Paulo, Anna Paula Andrade de Moraes Lopes, trouxe aos presentes o tema “trabalhando o cotidiano: limites e possibilidades” que abordou assuntos como as relações sociais, o processo de reflexão e compreensão dos funcionários, os objetivos do atendimento social, a qualidade de vida e os resultados decorrentes do atendimento psicossocial.
        Encerrando o evento, a psicóloga Olga Neves Velho Arruda, citou ditados populares, como “pimenta nos olhos dos outros é refresco” e “sente-se calmamente a cólica dos outros”. Ela trouxe à tona o tema do assédio moral, violência psicológica que, segunda ela, vem aumentando muito entre os funcionários do Judiciário. “Se olharem os números, verão que são muitos os casos de afastamento em que a causa é a saúde mental abalada em conseqüência desses assédios. As vítimas fecham-se em si mesmas e distanciam-se dos relacionamentos familiares, o que intensifica os problemas. Hipertensão arterial, dermatite, gastrite. Tudo isso é decorrente de um quadro que a pessoa está vivendo. Um trabalhador saudável e satisfeito rende mais e adoece menos”, concluiu.

        Assessoria de Imprensa TJSP / AG (texto) – LV (foto)

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