Palestra promovida pela CIJ apresenta reflexões sobre saúde mental e maldade

Ivan Capelatto falou sobre as origens do sentimento perverso.

 

A Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) e a Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo promoveram, na sexta-feira (15), a palestra virtual “Saúde mental, maldade e perversões no ser humano”, ministrada pelo psicoterapeuta de crianças, adolescentes e famílias, mestre em Psicologia Clínica, conferencista e autor de diversas obras, Ivan Roberto Capelatto. O encontro foi mediado pelo juiz  Marcelo Nalesso Salmaso, integrante da CIJ e titular da Vara do Juizado Especial Cível e Criminal de Tatuí. 

Durante a palestra, o conferencista apresentou uma série de reflexões oferecidas pela psicanálise a respeito das origens da maldade e a evolução da perversão no ser humano. Destacou estudos sobre os primeiros 16 meses de vida da criança, entendidos como fundamentais para o desenvolvimento psíquico e estruturação da saúde mental, reforçando a importância da presença constante e do cuidado intensivo dos pais nesse período. Salientou que alguns países, como a Alemanha, entenderam os benefícios da presença da mãe para a qualidade de vida do bebê e possuem períodos maiores de licença maternidade, que pode chegar a três anos.

Capelatto também falou dos chamados “novos medos infantis”, riscos que as crianças correm, principalmente entre 5 e 12 anos, por causa da presença cada vez mais precoce no mundo virtual, onde estão expostas a conteúdos danosos, como o acesso fácil a vídeos que ensinam a causar ferimentos em si mesmas ou em outras por meio de desafios na internet. 

A dificuldade de trabalhar o luto também foi discutida no encontro, problema evidenciado no período de pandemia de Covid-19, quando muitas crianças que perderam os pais não puderam comparecer ao cemitério ou ao velório devido às restrições impostas pelas medidas sanitárias vigentes à época. Essa situação impediu uma despedida adequada, causado sofrimento permanente e sendo, para muitas delas, o ponto de partida para instabilidade mental.     

Capelatto abordou estudos sobre a formação do pensamento psicopata, que chamou de “psicopatologia do contato” e que consiste em manifestações comuns e cotidianas, de cunho perverso, com a finalidade de retirar o prazer do outro. Por se tratar de ocorrências corriqueiras, tratadas como normais, essas patologias não recebem a devida atenção.

 No encerramento da palestra, o conferencista respondeu às dúvidas. “Quando a psiquiatria surgiu na medicina, a perversão/psicopatia era considerada uma doença grave. Com o passar dos anos, surgiram estudos, principalmente na Alemanha, que começaram a perceber que o psicopata não como um doente, mas uma pessoa com consciência clara do que está fazendo. Nos livros, não falamos mais em doença. A psicopatia hoje é uma personalidade”, concluiu Capelatto.

 

Comunicação Social TJSP – FS (texto) / KS (arte)

imprensatj@tjsp.jus.br

  

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