EJUS e Coordenadoria da Infância e Juventude promovem palestra sobre trabalho reprodutivo

Evento discutiu o trabalho doméstico e implicações sociais.
 
A Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) e a Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo realizaram, na última sexta-feira (24), a palestra on-line “O trabalho reprodutivo na esfera do cuidado: elementos para a elaboração dos estudos, perícias e pareceres sociais”. O objetivo foi debater os trabalhos reprodutivo e doméstico, suas implicações na dinâmica familiar e possíveis abordagens por parte do setor psicossocial do TJSP diante do tema. O evento está disponível no media center da EJUS.
A palestra foi ministrada pela assistente social do TJSP, Mariana Sato dos Reis, com mediação da juíza aposentada Dora Aparecida Martins, que dirigiu agradecimentos ao diretor da EJUS, desembargador José Maria Câmara Júnior, e ao coordenador da CIJ, desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho. Mariana Sato falou sobre a Teoria da Reprodução Social (TRS), desenvolvida pela socióloga Lise Vogel, que articula diversos tipos de trabalho, remunerados ou não, que permitem a reprodução de nossas vidas cotidianas. 
A palestrante explicou que o trabalho doméstico, por exemplo, engloba as diversas atividades necessárias à reprodução e manutenção do espaço físico e de cuidado com os habitantes de uma mesma unidade doméstica: atenção com os filhos (comida, higiene, educação, atividades, médicos etc.); trabalho de limpeza; elaboração da alimentação; tarefas de organização; compras; reparos e manutenção da casa etc. “Essas atividades estão todos os dias conosco e são chamadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) de ‘outras formas de trabalho’, mas não precificadas ou tratadas como parte do PIB do país”, disse.
Mariana Sato dos Reis destacou que, historicamente, o trabalho doméstico e de cuidado não remunerado recai sobre as mulheres, apesar da grande importância para a economia mundial, seja provendo condições físicas e mentais aos trabalhadores, seja por seu potencial de geração de valor. A assistente social falou sobre estudo da organização não-governamental Think Olga, apontando que o trabalho do cuidado feito por mulheres representa uma economia 24 vezes maior que o Vale do Silício. Também citou dado da Oxfam, indicando que meninas e mulheres ao redor do mundo dedicam 12,5 milhões de horas todos os dias ao trabalho de cuidado não remunerado, o que equivaleria a 10,8 trilhões de dólares por ano. “Vemos muitas mulheres fazendo uso de medicação psiquiátrica e a medicalização dessas mulheres está ligada à exaustão e às diversas violências que elas sofrem. É muito perceptível esse adoecimento mental ligado ao trabalho reprodutivo.”
Para Mariana Sato, é necessário que o corpo técnico psicossocial tenha em mente todos esses fatores e lance um olhar cuidadoso sobre as mulheres ao fazer avaliações e relatórios. Acusações de negligência, abandono, carência de renda devem ser analisadas com cautela, tendo em vista a sobrecarga do trabalho reprodutivo doméstico e não remunerado. “A questão não é deixar de lado a proteção às crianças e adolescentes, mas observar que, às vezes, essa mulher está em estado de tamanha exaustão que não é mais capaz de prover o devido cuidado doméstico, que muitas vezes é permeado por situação de opressão e de violência”, explicou. “Vimos na pandemia, com o fechamento do comércio das escolas e dos espaços de lazer, como a sobrecarga e essas violências se aprofundaram. É preciso lembrar que o serviço social também diz respeito ao cuidado, com o devido acolhimento, gentileza e respeito”, ressaltou.
 
Comunicação Social TJSP – DM (texto) / LC (arte)
 
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